Nessa semana, a notícia de um ciclone extratropical que viria da região costeira colocou muitos municípios gaúchos em alerta. A instabilidade fez com que Defesas Civis e órgãos públicos de diferentes setores tomassem medidas preventivas que, em alguns casos, geraram discussões e até críticas. Por aqui, o cancelamento de aulas e o anúncio de medidas a serem adotadas pela população para evitar riscos causou uma série de comentários e piadas nas redes sociais, já que, felizmente, a tempestade se dispersou muito antes de atingir a nossa região.
Após a passagem dos riscos, as medidas podem parecer descabidas. No entanto, para além de contabilizar estragos e distribuir lonas, cabe aos órgãos como Defesa Civil e Secretaria de Habitação garantir a segurança da comunidade diante de eventos climáticos extremos iminentes. A responsabilidade e a preocupação são voltadas, principalmente, às pessoas que possam estar vulneráveis no momento do evento.
Pessoas que residam em casas mais simples, que ofereçam risco aos moradores; pessoas em situação de rua; crianças e até trabalhadores que poderiam estar na rua, como motoboys, ambulantes, etc. O alerta serve, sobretudo, para que essas pessoas possam estar atentas e buscar ajuda, caso necessário. Quem mora em uma casa segura, com boa infra-estrutura, quente e confortável, tem o risco já muito mitigado pela própria condição social. É natural que estas não sintam a real necessidade do alerta, sobretudo após o temporal não ter causado estrago nenhum. E que bom que não causou! Mas, melhor ainda, é termos a certeza de que estávamos preparados para que ninguém padecesse, caso o ciclone tivesse chegado por aqui.
Agora, passado o alerta do ciclone, temos outra medida que parece simples, mas pode fazer a diferença na vida de muita gente: o retorno do plantão social da Secretaria de Habitação. Mais uma vez, a quem tem estrutura básica e condições de viver em um lugar quente e seguro, pode parecer desnecessário. Mas, com as baixíssimas temperaturas previstas nos próximos dias e ao longo de todo o inverno, é a oportunidade para que cidadãos busquem auxílio a qualquer hora do dia e da noite, caso julguem necessário. É, mais uma vez, algo que pode render críticas por parte de quem nunca precisou de um agasalho no meio da madrugada, mas que cumpre a função social de prevenção do bem-estar do cidadão, que também cabe ao poder público.