Uma semana após a baixa do Rio Caí, aos poucos, os cidadãos vão voltando à rotina e enfrentando desdobramentos desta que foi a maior enchente dos últimos 80 anos em Montenegro. As ruas já estão praticamente limpas, os bancos voltaram a funcionar, empresas reabertas e os moradores de volta às suas casas. Mas ainda falta muito para que os impactos da cheia sejam completamente superados. Calçadas e muros quebrados são comuns nas áreas que ficaram alagadas. As ruas bastante esburacadas e, em muitas residências, a mobília foi quase toda descartada após ficar completamente inutilizada pela água.
Até ontem, 345 cargas de entulhos já haviam sido recolhidas pela cidade, reflexo da força das águas, que chegaram a lugares poucas vezes vistos por aqui. O destino desses resíduos precisa ser cuidadosamente pensado e executado, dado o volume de lixo gerado. Por aqui, a promessa é de que haverá destinação correta, com cuidado para que os materiais biodegradáveis, como madeira de móveis e galhos, sejam transformados em biomassa. Já os metais devem virar sucatas e somente aqueles materiais considerados inservíveis, como espumas de estofados ou eletrônicos contaminados pelo lodo, devem ser encaminhados ao aterro.
É importante destacar o engajamento em torno desta árdua missão, com trabalho paralelo dos setores público e privado, na tentativa de recolher, separar, classificar e destinar cada material descartado. Sem essa consciência, seria praticamente inviável dar conta de todo o resíduo gerado desde junho, quando iniciaram as enchentes no Rio Grande do Sul, sobretudo se considerarmos as devastações ocorridas nas cidades vizinhas à nossa e também no Vale do Taquari. É inimaginável a montanha de entulhos que pode ir à natureza e, seguindo um círculo vicioso, agravar ainda mais as próximas enchentes, caso não sejam corretamente descartados – ou reaproveitados.