O custo da Reforma

Depois de muita discussão e protestos, a Reforma da Previdência agora é uma realidade e muita gente ainda não sabe, mas perdeu direitos, vai ter de trabalhar por maior número de anos e ganhará menos quando se aposentar. Se isso era mesmo necessário é uma discussão vencida. Não faltaram argumentos contra as mudanças, mas a maioria dos deputados federais e dos senadores, que nós próprios elegemos, entendeu que não havia outro tratamento que não este remédio amargo para a doença do déficit. A lei mudou e agora é preciso encarar a dura realidade.
Na prática, a grande modificação é a instituição da idade mínima para se aposentar – 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. Eles deverão ter, pelo menos, 40 anos de contribuição e, elas, 35. Enquanto estas duas condições não forem atendidas, nada de benefício. Significa que um jovem de 18 anos que entra no mercado de trabalho hoje, se não enfrentar demissões, em 2059, terá o tempo de contribuição, mas só poderá requerer a aposentadoria em 2066. Uma mulher, na mesma condição, terá descontos na frolha em número suficiente em 2054, mas a idade mínima só será alcançada em 2061.
Com relação ao valor, nas regras anteriores, o cálculo considerava a média de 80% das contribuições maiores. Agora, serão levadas em conta todas elas, da primeira à última. Na prática, vai cair o valor do benefício, desprezando a lógica de que, quanto mais idoso, maiores são as necessidades financeiras, agravadas por tratamentos médicos e remédios geralmente caros. Sem falar em cuidadores, pois nem todos possuem famílias.
Não vai demorar para que os efeitos da Reforma sejam experimentados pelo trabalhador e é justo prever que o governo até pode acabar com o déficit na Previdência, mas terá de canalizar mais recursos para a área social. A menos que a ordem seja simplesmente deixar desamparados aqueles que construíram o desenvolvimento da nação até aqui. A falta de sensibilidade em relação aos problemas dos idosos já é uma realidade há muito tempo, mas parece que sempre há espaço para ampliar o abandono.

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