Aos que se importam, as informações trazidas pelo meteorologista Gustavo Verardo na “live” Estúdio Ibiá, nesta quinta-feira, não surpreendeu. Mas não deixou de chocar as pessoas, que ouviram novamente que o efeito do El Ninõ se estenderá ao longo dos próximos meses. Não é errado classificar este como um fenômeno natural, provocado pelo aquecimento da água do Oceano Pacífico. Todavia, vozes da Ciência que se elevam, há muito tempo, apontam para as interferências nocivas da humanidade.
Ao derrubar florestas, jogar no ar fumaça de chaminés e escapamentos de veículos, ao levar todo o esgotamento das comunidades para os rios; estamos interferindo significativamente no ciclo da natureza. Essas são posturas que fazem parte do cotidiano de cada cidadão sobre a terra, ainda que, costumeiramente, e não de forma equivocada, se atribui a poluição aos setores produtivos.
Ao que indica, depois de séculos sofrendo como nossa verdadeira “lata de lixo”, agora o Meio Ambiente se esgotou. Ele cansou de buscar sozinho formar de recuperar a qualidade do ar, o estado insípido, inodoro e incolor da água e a capacidade reprodutiva do solo; e começou a revidar com aquilo que lhe restou, que, neste caso, é com sua própria enfermidade.
O cenário de ciclones, enchentes e agora de 10 dias de chuvas constantes ainda podem ser classificados com um alerta, ainda que estejamos percebendo de forma tardia. Todavia, uma reversão do quadro de degradação demandará muitos anos e algumas mudanças em hábitos incrustados à existência da civilização, sobretudo nos centros urbanos.
O alerta primordial é para governantes e servidores de serviços de urgência e de caráter básico. O Brasil seguirá enfrentando desastres naturais em dimensões nunca antes vistas, ao menos por essa geração, que já colhe o mesmo que está plantando àquelas do futuro. Diante desta constatação, as estruturas para enfrentar catástrofes devem estar plenamente preparadas e modernizadas.
Pois perceba o quanto dúbio é a situação na qual no metemos, com os esforços devendo ser focados em duas direções simultâneas: novos episódios de secas e de enchente. Na busca por conforto e agilidade através da transformação industrial e do avanço tecnológico, ou simplesmente por ambição, a humanidade sacrifica sua casa.