O alto preço da inconsequência

Já faz algum tempo que as famílias passaram a tratar melhor os animais de estimação. Cães e gatos, que antes eram alimentados com sobras, agora comem rações produzidas especificamente para eles, vestem roupinhas, dormem em casinhas confortáveis e recebem muito mimo. Com frequência, são levados à petshop, onde tomam banho e têm o pelo aparado. De um canto sujo no quintal, avançaram para dentro da sala e até do quarto dos donos onde, não raro, dividem com eles a cama.
Óbvio que existem exageros em certas relações “humano-felino-caninas”, mas ninguém tem nada a ver com isso enquanto não interferem na vida dos outros. E a Ciência já comprovou que pessoas que compartilham a vida com um animal de estimação tendem a ser emocionalmente mais saudáveis. Os pets são, portanto, remédios “peludos”, fazendo as vezes de calmantes e ansiolíticos ou até de drogas mais pesadas. Que bom!
Por isso que virou escândalo uma atividade realizada semana passada na Sociedade Hípica de Brasília. Durante uma colônia de férias, crianças e adolescentes foram estimulados a transformar em “tela” o pelo branco de um orgulhoso cavalo. O pobre equino foi filmado com o corpo tomado de “ilustrações” coloridas. Os “artistas” desenharam corações, flores, emojis e toda sorte de rabiscos incompreensíveis no animal.
Há quem defenda a ação como uma simples brincadeira, ou uma intervenção artística. Nada disso! O que aconteceu ali foi vandalismo e, embora o animal não tenha a mínima noção, foi humilhado. Para ele, sem a capacidade de compreensão que os humanos deveriam ter, talvez não faça diferença. Já para os “pintores”, ficou uma lição pela qual toda a sociedade paga quando os adultos são inconsequentes: a de que a criança e o adolescente podem fazer qualquer coisa, inclusive com outros seres vivos, porque não dá nada.

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