Nome aos assassinos

A comunidade de Montenegro e do Vale do Caí manifesta, desde a última terça-feira, sua revolta pelo assassinato de Israel Patrick Parcianello. Ele, motorista de aplicativo há apenas três meses, atuava nas madrugadas para conseguir ter mais lucro e quitar o carro comprado recentemente. Uma facada no pescoço colocou fim em sua vida. Mas, além do crime, revolta a população o fato do assassino confesso não ter a sua identidade revelada. Recebemos, desde que a notícia foi divulgada, dezenas de mensagens questionando quem era o homem preso por esfaquear Israel.

A resposta é: não sabemos. E a razão para isto é a Lei Nº 13. 869, de 5 de setembro de 2019, conhecida como Lei de Abuso de Autoridade, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro e que entrou em vigor em 2020. Ela, entre outras determinações, proíbe as Polícias Civil e Militar de divulgar identidades de pessoas detidas. Assim, inviabiliza que a imprensa informe aos leitores o nome daqueles que cometeram crimes como o assassinato de Israel, mesmo o criminoso tendo confessado o ato. Este não é o primeiro caso e, sempre que somos questionados, tentamos esclarecer ao leitores as razões para que isto ocorra. Não é o Ibiá ou qualquer outro veículo de imprensa que está protegendo o bandido. Nem mesmo é culpa das forças policiais. É o resultado de uma lei.

Na live promovida pelo Ibiá, ainda na terça-feira, quando colegas de profissão homenagearam o motorista morto em serviço e clamaram por justiça, muitas pessoas manifestaram seu descontentamento por essa “proteção da identidade”, assim como defenderam que este homem deve ser punido. Alguns pediram cadeia, outros enfatizaram que o Brasil deveria ter pena de morte já que, ao trabalhador, ela veio sem qualquer chance de defesa. Entrar aqui numa discussão sobre os Direitos Humanos – aqueles que não são dos bandidos, mas de todos os cidadãos – parece ineficaz, sobretudo pelo momento de dor. Mas há de se defender, e sempre será, que a justiça seja feita e que o assassino não saia impune, deixando mais uma família sem seu alicerce. A vida do trabalhador tem de ter algum valor e matar um homem que estava trabalhando honestamente não pode ser um ato que caia no esquecimento. Acreditamos, sim, na justiça divina. Mas a dos homens também precisa prevalecer.

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