Nem todos têm cara

O viver em sociedade é permeado por diferenças culturais, sociais e até na forma como interagimos com o mundo a nossa volta. Mas, para que todos os indivíduos tenham autonomia, é preciso debater, e por em prática, a inclusão. O tema é abrangente, mas diz respeito à criação de condições para que qualquer pessoa, independente de sua limitação física, possa atingir o máximo de autonomia no mundo que o cerca.

Inclusão e acessibilidade são intrinsecamente ligadas, e, de acordo com a Universidade Federal do Ceará, tratam-se da transposição dos entraves que representam as barreiras para a efetiva participação de pessoas nos vários âmbitos da vida social. Portanto, diz respeito ao meio ser adaptado aos indivíduos, através do uso de linguagens especiais, rampas de acesso, ambientes confortáveis aos autistas e tantas outras pequenas mudanças que, para grupos específicos, fazem toda a diferença no viver.

O Café com Fé, realizado ontem na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Timbaúva, traz à luz a necessidade de possibilitar às pessoas com deficiências o exercício religioso. Da mesma forma, a matéria publicada na página 4 desta edição discute o uso correto das vagas para pessoas com deficiência nas ruas de Montenegro. Por um lado, pessoas que não precisam da prioridade se apropriam do lugar, tirando o direito de alguém que necessita. Não há desculpa. Nem por “um minutinho”, nem que seja “rapidinho” ou que “não tenha ninguém usando”. É um espaço que deve ser respeitado. Porém, a frequência com que esses espaços são indevidamente utilizados causa outro constrangimento: às pessoas que, mesmo sem uma deficiência aparente, têm o direito de utilizá-los. Autistas, por exemplo, que podem sentir desconforto ou até ter episódios de crises ao transitar por espaços lotados, como o centro comercial.

Porém, eles precisam fazer estas tarefas e, para tanto, o uso de vagas especiais é um grande auxílio à sua saúde, assim como o é para pessoas com mobilidade reduzida.
É preciso compreender que nem todas as necessidades especiais têm cara. Mas todas precisam de respeito.

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