O hospital HM Regional está em crise; e ainda que suas dívidas geradas pelo descompasso entre o que investe em atendimento e o que recebe dos governos seja um lugar comum, desta vez está no esteio de uma crise generalizada no Estado. Nosso sistema de Saúde Pública no Rio Grande do Sul enfrenta, atualmente, um cenário que revela as marcas de um passado recente e de eventos que marcaram sua história. Um ano após a catástrofe climática de maio de 2024, e cinco anos após a pandemia de Covid-19, fica evidente que os efeitos desses acontecimentos não deixaram um legado real, em especial no que tange estruturação. É como se aquela dor ainda reverberasse na capacidade de atendimento dos hospitais.
A falta de leitos hospitalares, especialmente para o tratamento de doenças respiratórias agudas, tem se agravado. Mas, primeiramente, devemos assinalar que essa situação preocupante está diretamente relacionada à baixa adesão às campanhas de vacinação e à negligência com cuidados básicos. O negacionismo à Ciência, encampando por ideologia política sobre o alicerce da ignorância, ainda colhe frutos malditos. Esta postura quase aniquilou a cultura de prevenção, somado ao descaso com a saúde pessoal, como uma higiene adequada das mãos, explodindo na porta das emergenciais, sobrecarregando ainda mais uma rede que já é frágil.
O único legado destes eventos foi então a certeza de repensar e fortalecer a Saúde Pública de forma definitiva. Medidas paliativas encerram junto com a urgência. Curioso que os governos esqueceram-se da lógica de que investir na universalidade do acesso à saúde gratuita não é apenas uma questão de direitos sociais, mas uma estratégia inteligente de promoção do bem-estar coletivo e de estímulo à economia. Um povo saudável é um povo produtivo, capaz de contribuir para o desenvolvimento da Nação.
A crise atual deve servir novamente como alerta para que municípios, Estado e União, ao lado de sociedade civil e setor privado, busquem soluções duradouras. Essas devem iniciar pela saúde preventiva e com a vacinação evidenciada através do retorno das campanhas educativas. Afinal, garantir saúde de qualidade para todos é uma responsabilidade coletiva, assim como garante retorno coletivo. Que possamos aprender com o passado, agir com responsabilidade no presente e construir um futuro mais saudável para o Rio Grande do Sul.