Se houvesse um ranking dos países que mais desfazem as suas próprias regras, o Brasil sequer precisaria concorrer. São tantas as medidas que surgem sem apoio da população e, principalmente, sem os devidos estudos de impacto, que não é de se surpreender que depois se anunciem revogações. Desta vez, são as mudanças nas regras para obter a Carteira Nacional de Habilitação, a CNH, cujo custo no Rio Grande do Sul na melhor nas hipóteses – quando o aluno passa na prova na primeira tentativa e não precisa marcar aulas extras – passa dos R$ 2 mil. No RS, atualmente, vivemos a bizarra situação de sermos o único Estado brasileiro em que regras que reduzem aulas práticas e desobrigam o uso de simulador não são válidas.
O simulador é útil ou não? Ele deveria ser obrigatório ou opcional? A quantidade de aulas práticas é exagerada ou há meios para torná-las mais efetivas? O problema não está nas exigências, mas no preço cobrado ao consumidor? Todas estas discussões são válidas. Porém, deveriam ter sido feitas há cinco anos. Desde 2015, os Centros de Formação de Condutores utilizam estes equipamentos que os obrigaram a fazer grande investimento. Irão amargar um prejuízo que, muito provavelmente, de alguma forma, será repassado ao público. E enquanto esperam a situação se resolver, as empresas ainda amargam a queda na clientela que, na incerteza sobre se a decisão que mantém os simuladores ativos no Estado irá se manter, esperam para entrar com o processo.
A solução para o dilema será injusta de qualquer forma. Não é aceitável pensarmos que o RS terá uma regra diferente do Brasil por tempo indeterminado e que, para os gaúchos, o simulador é importante enquanto aos demais brasileiros não. Ou seja, se vale para uns, tem que valer para todos os brasileiros. Só os gaúchos pagarem mais é injusto e inaceitável. Por outro lado, jogarmos sobre os CFCs o prejuízo que os nossos administradores – incapazes de decidir o que é melhor sem pensamentos ideológicos e ignorando pressões – também é injusto. Feliz, um dos lados desta história não sairá. Tomara, pelo menos, que saibamos aprender com a situação. O povo está cansado de pagar o prejuízo das medidas impensadas dos governantes.