“Aconteça o que acontecer, as pessoas terão de comer”. Essa frase – e suas tantas versões – é bastante conhecida e utilizada principalmente como argumento de empreendedores no ramo alimentício. É inegável que, diante do surgimento de qualquer crise, o segmento que sofrerá menor impacto será o da alimentação, justamente porque, aconteça o que acontecer, as pessoas terão de comer. Mas, na atual crise, estabelecimentos que servem refeições e lanches também tiveram que se reinventar e viram se tornar ainda mais importante um profissional antes nem sempre valorizado: o entregador.
Trabalhadores de determinado estabelecimento ou que assumem a entrega de pedidos feitos por aplicativos para diversos restaurantes, esses profissionais cumprem uma missão arriscada, num trânsito cada vez mais violento, sempre de olho no relógio e expostos às dificuldades do clima. Na realidade atual, é difícil encontrar uma família que não tenha pedido um alimento, medicamento ou outros produtos, e estes tenham chegado através de alguém pilotando uma moto. Você fez algum pedido de teleentrega na semana passada? Se o fez, lembre que aquele motociclista enfrentou temperaturas gélidas e a chuva para a sua satisfação. Sim, ele foi pago para isso. Este é o trabalho dele. Mas, nem por isso seu esforço deve deixar de ser reconhecido.
Já há movimentos mundiais de valorização de motoboys (e motogirls, é claro). Alguns aplicativos de entrega de alimentos estimulam os clientes a dar contribuição financeira ao entregador que atender bem. Há quem faça questão de oferecer algum valor no ato da entrega diretamente, até porque, em muitos bares e restaurantes, era cobrado o chamado “10%” como gorjeta aos garçons. Valorização financeira é ótimo e quem pode deve sim colaborar para que bons profissionais tenham uma renda mais justa.
Mas há, também, formas de valorizar os entregadores que não custam nada, além de boa educação. Deixar o dinheiro ou o cartão já preparados e atender rapidamente o entregador, por exemplo, além de evitar que a sua comida esfrie, também o ajuda a respeitar prazos dados pelos estabelecimentos e evitar ser tratado com grosseria por outro cliente irritado com a entrega atrasada. Aliás, quando sua compra atrasar, quem sabe, pense nas diferentes possibilidades que levaram a isso antes de ser mal educado com o profissional? Bom dia, boa noite e obrigado também são básicos, lembra? Gentileza gera gentileza. E, em tempos difíceis, é ainda mais necessária.