Mais um ano de má Educação

No jornalismo é chamada de Agenda-Setting quando os consumidores tendem a considerar como mais importantes os assuntos veiculados com mais frequência na cobertura jornalística, ação que se repete de forma não coordenada em quase todos os jornais. A recorrente falta de professores e servidores públicos no início do Ano Letivo da Rede Estadual parece repetir essa fórmula, mas, na verdade, se impõe como triste realidade da Escola Pública do Rio Grande do Sul.

Não há como fugir desta manchete a cada começo de ano, sempre instigada pela queixa da própria Comunidade Escolar. Sejam os pais e alunos, ou professores e funcionários, a pauta é trazida sob o argumento de prejuízo ao aprendizado; inclusive pela sobrecarga sobre aqueles concursados, ou contratos emergenciais, que retornam às escolas em fevereiro. Diante destes fatos repetidos, não há como não entender que o conhecimento não é prioridade.

Os discursos, especialmente através de peças publicitárias, vão no caminho oposto a nossa percepção. Contendo algumas verdades, como os últimos concursos para professores do Estado e obras de reforma de prédios, o esforço real é de justificar o cumprimento de sua missão constitucional. Mas na realidade, a pasta é menos importante que a maioria das outras que compõem o Executivo Estadual.

Não fosse assim, as aulas recomeçariam sempre em alto ritmo, com os quadros de docentes completos, as instituições de ensino equipada com tecnologia de ponta e os servidores valorizados em seus salários. Pois é outra verdade absoluta que a compensação financeira tem efeito sobre o desempenho profissional, ainda que, no geral, o que se observa são professores mantendo abrasada a paixão, ainda que sintam-se desvalorizados.

O fato é que este cenário é muito desmotivador. Aos jovens que buscam uma profissão, que já não se encantam pela docência; e aos estudantes, que não vêm mais futuro em um ensino realizado por temporários e até em mestres improvisados. No fim, o cômputo geral é do Rio Grande do Sul atrasado, estado que já é o mais endividado do Brasil enquanto, ao longo dos anos, perdia seu status de protagonista econômico. Soluções mirabolantes, com bolsas sociais aos estudantes do magistério e a atração de eventos internacionais, não surtirão efeito se a Rede Estadual estiver sucateada.

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