Mais atenção ao interior

Desde que as medidas de isolamento social foram impostas à população para conter a pandemia, o interior de Montenegro está ainda mais desassistido em relação ao transporte coletivo. A empresa responsável por trazer e levar a comunidade de volta a suas casas suspendeu diversos horários de ônibus, sob a justa alegação de que o serviço era deficitário. De fato, sem a presença dos estudantes, muitas linhas são inviáveis economicamente, o que não significa que se pode abandonar a população.

É verdade que, a cada ano, a quantidade de usuários diminui na zona rural. Isso se deve, em parte, à facilidade em comprar um carro e à comodidade que ele representa. Como os horários de ônibus são poucos, em geral um de vinda e outro de retorno em cada turno, é muito ruim para um agricultor perder a tarde toda quando, muitas vezes, possui compromissos que mal exigem uma hora de seu tempo. Por isso que vêm de carro.

Por outro lado, na maioria das localidades, existem moradores que trabalham na cidade, no comércio e em diversas outras atividades. Estas pessoas estão perdendo seus empregos porque não têm como se deslocar. Segunda-feira, depois de muita insistência, algumas linhas voltaram a operar, ainda em caráter experimental, duas ou três vezes por semana. Se não houver muitos usuários, serão suspensas novamente.

Todos sabemos que as transportadoras de passageiros não podem operar com prejuízo. Mas também devemos entender que a qualidade de vida no interior é melhor, o que, por si só, deveria convencer nossas autoridades a criar mecanismos que mantenham as pessoas morando lá. Infelizmente, o produtor rural e seus filhos só são lembrados quando as eleições se aproximam. Muitos não gozam de serviços essenciais, como manutenção adequada das estradas, telefonia celular, sinal de internet e oferta satisfatória de energia elétrica. A falta de ônibus é só mais um item nessa lista.

A mudança desses paradigmas requer mobilização, cobrança, protestos. O interior precisa de transporte coletivo tanto quanto os bairros e se o serviço é deficitário, que se crie subsídios. Com certeza, é muito melhor que, mesmo trabalhando na cidade, as pessoas continuem morando lá, cuidando de suas propriedades nas horas vagas e produzindo alimentos. Infelizmente, muitos políticos ainda não entenderam isso. É um bom momento para substituí-los.

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