Parece estranho que tenhamos de ouvir, cada vez mais, que alguns lugares são “seguros” ou “amigos” ou “com respeito” pelas mulheres. Estranhamos porque, em tese, todo lugar deveria ser seguro, amigo e respeitoso com mulheres e homens, sem precisar que se distinguisse assim um estabelecimento. Porém, vivemos em tempos que as mulheres, ao andar de ônibus, ficam atentas para se defender de qualquer inconveniente. Se chamam um carro por aplicativo, dão preferência a motoristas também mulheres por se sentirem vulneráveis ao entrar no veículo de um desconhecido. Tempos estranhos estes.
É por isso que o programa “Aqui tem respeito pelas mulheres”, que é pauta nesta edição do Ibiá, merece atenção. O objetivo é reduzir a violência, o assédio e o abuso às mulheres. E, principalmente, oferecer tranquilidade para elas quando entram em estabelecimentos como bares, restaurantes, casas noturnas e quaisquer outros. É feita uma capacitação para funcionários e proprietários para que estes consigam, de uma forma efetiva, porém discreta – sem expor a vítima – lidar com situações em que a mulher é assediada ou destratada. Os estabelecimentos que aderirem ao programa também recebem uma certificação de que são locais seguros e que respeitam as mulheres.
Não é isto que vai resolver a situação. Quem dera. Principalmente porque sabemos que muitas mulheres – às vezes ainda meninas – são molestadas dentro das próprias casas e por quem deveria lhe oferecer mais amor e respeito que qualquer estranho. Mas não é assim. E se pudermos transformar mais e mais lugares em ambientes seguros, melhor. Quem sabe, no futuro, não nos tornaremos uma Cidade, um Estado, um País e um Planeta seguros.
Nós, cidadãos comuns, não somos agentes da lei. Via de regra, não usamos armas nem estamos aptos a revidar ou responder qualquer agressão. Nem é isso que o projeto incentiva. Somos sim, todos, responsáveis por fazer os lugares que frequentamos se tornarem ambientes melhores e essa fiscalização é importante, nem que em caso de necessidade, apenas se chame as autoridades policiais. O que não se pode é assistir uma mulher – ou qualquer cidadão – ser destratada e fingir que não viu. Que não é com você. Porque é sim com você, é com todos. Vamos fazer todo lugar respeitar as mulheres, fiscalizando-os.