Nesta edição do Ibiá há duas matérias que são tão diferentes que acabam por ser iguais. Explico! Na página 6 você pode ler a respeito da Sexta-feira Santa e as celebrações litúrgicas da Páscoa, que incluem a Procissão do Cristo Morto. Já na página 9 é possível ler a respeito da procissão que ocorre hoje, em homenagem a Ogum e São Jorge. Já nos próximos dias abordaremos a carreteada e cavalgada tradicionais em Costa da Serra por São Jorge, padroeiro da comunidade. As pautas são diferentes em religiões, mas, estão unidas pela fé que reúne centenas de pessoas em cada um destes eventos.
Infelizmente, essa diversidade religiosa não ocorre pelo mundo, o que inclui atos de intolerância também pelo Vale do Caí. O respeito à liberdade do outro, de viver a sua fé, nem sempre é prática natural na vida em sociedade. Tivemos mais uma prova disso no último final de semana quando, numa data sagrada aos cristãos, no país asiático Sri Lanka, explosões tiveram como alvos igrejas católicas e hotéis de luxo, matando por volta de 300 pessoas além de deixar mais de 500 feridos. Independente de crenças individuais, é difícil acreditar que alguma motivação religiosa possa levar a um ato tão violento e mortal.
Praticar uma religião – qualquer uma delas – pressupõe praticar preceitos básicos de respeito ao próximo, de união, de paz, solidariedade e, sobretudo, de amor. Se a religiosidade existe, mesmo que nem sempre sob o guarda-chuva de determinada religião, mas sim como um sentimento singular presente no ser humano, porque manifestá-lo na forma de uma oração diferente pode ser encarado como errado? Ou, ainda pior, como uma provocação? Não pode ser assim. Todos, mas, sobretudo aqueles que têm fé, devem estender a mão ao próximo e colocar-se no lugar do outro. Caso contrário, ao invés de exercer a sua fé, se está praticando o mal, pregando o ódio e disseminando sofrimento. E isso nada tem de religioso.