Incluir até fazer parte do todo

Não é possível viver em um mundo no qual algumas pessoas ficam do lado de fora. Essa frase é tão simplória quanto esclarecedora a respeito de inclusão das pessoas com deficiência. Inclusive o termo incluir é passível de análise, pois, em certo nível, denota algo temporário ou um tipo de privilégio. Todavia, é fundamental aplicar esta ação à exaustão, a fim de tornar a presença dos semelhantes trivial.

Partimos da premissa que nenhum equipamento adaptado para alguém com deficiência impede o acesso ou uso de uma pessoa sem essa característica. A rampa ao invés de escada é prática; o braile em teclados e placas não incomoda; o aviso sonoro acaba sendo útil para todos. Já o oposto não se confirma. Não custa absoltamente nada substituir um mundo com obstáculos por acessos fluídos e formas suaves. Inclusive, pessoas com artrite, artrose, lesionados no futebol de sábado e idosos também agradecem muito se não houver no caminho um desafio ao invés de uma passagem.

Muito além das péssimas calçadas, cuja responsabilidade é colocada unicamente na conta dos cidadãos proprietários dos imóveis, da falta de sinalização luminosa ou sonora, estes cidadãos seguem na batalha pela inclusão no mercado do trabalho. Não há um que não esteja disposto a contribuir com o desenvolvimento, sendo parte da estatística de empregabilidade e útil ao coletivo.
Sem má intenção, alguns empreendimentos que abrem vagas para PCD’s fazem soar com um grande favor, uma esmola àquele que não teria outra chance. Reitere-se que não há intenção em menosprezar seus contratados, sendo, na verdade, mais uma força do hábito. Historicamente se atrelou ao deficiente a imagem de coitado. Já aqueles empregadores que há mais tempo somaram PCD’s à sua equipe, reconhecem o acerto; jogando para o esquecimento o pensamento de que estes funcionários são um desconto de eficiência.

A verdade é que esta análise é de conhecimento geral, que foi dada uma arrancada em direção a uma real inclusão, todavia com um caminho ainda muito longo. O fato de a conferência municipal em Montenegro não ter sido realizada justamente por que faltou acesso às pessoas com deficiência auditiva confirma que, de fato, a melhor palavra ainda é ‘incluir’ as pessoas.

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