Na manhã desta quinta-feira, 11, Montenegro deu início à aplicação da segunda dose da vacina contra Covid-19 nos idosos de idade mais avançada que receberam a primeira parte da imunização há 28 dias. É uma ótima notícia, já que o complemento reduz a chance de desenvolver a doença e, principalmente, de que esta evolua para um quadro grave. Mas, junto desta, veio outra ótima notícia. A de que uma parceria entre a Central Única das Favelas (Cufa) e a Uber, ofertará às Mães da Favela vouchers de viagens de R$ 30 (ida e volta, R$ 60), para levarem os seus pares mais idosos para se vacinarem.
Esta ação específica torna a campanha nacional muito mais acessível. É a igualdade ocorrendo de verdade. A vacinação por sistema drive-thru que ocorre no mundo todo é uma grande facilidade e merece aplausos. Em tempos pandêmicos, muito mais seguro do que encher um posto de saúde de idosos para vacinar. Dentro dos carros eles têm mais conforto e estão bem mais protegidos. Porém, o drive-thru não é viável para todos. Ele serve muito bem às famílias com renda alta ou intermediária, com carro na garagem. E, também, às famílias bem estruturadas, nas quais filhos e netos estão ali disponíveis ao idoso. Não é o caso de 100% da população idosa, infelizmente. Uma parte dos nossos velhinhos vê o drive-thru pelas reportagens jornalísticas achando lindo, porém, inacessível à sua realidade.
Além de acelerar a chegada das doses à população – papel que aparentemente caberá a prefeitos e governador frente à atuação ineficaz do governo federal – também precisamos agir para que todos os brasileiros tenham acesso ao imunizante. Os que tenham dificuldade de chegar aos locais de imunização, seja por idade ou falta de condições, precisam que a vacina vá até eles. Se este projeto da Cufa não bastar para o todo do problema (devemos lembrar que o Brasil é um país continental e com deferentes dificuldades) o poder público terá de agir. Oferecer igualdade é diferente de dar o mesmo a cada cidadão.
Para que a igualdade ocorra de verdade os mais carentes devem receber mais atenção do poder público. Nunca é demais lembrar que, se a pandemia atingiu fortemente a classe média e as empresas, dos que já tinham pouco antes de março de 2020, ela tirou as migalhas que matavam a fome.