Depois de se tornarem um pântano de notícias falsas, as redes sociais assumem, rapidamente, a condição de palco das discussões inúteis. Basta entrar nos grupos e até mesmo nos perfis de amigos e conhecidos para se deparar com debates estéreis e trocas de farpas totalmente desnecessárias sobre temas sem a menor importância, enquanto os assuntos realmente importantes sequer são mencionados. Parece que o negócio é opinar, ainda que não se tenha argumentos e a postagem seja somente uma forma de mostrar que se está vivo.
Um exemplo recente é o debate em torno de uma manifestação de Damares Alves, a barulhenta ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ao dizer que “menino veste azul e menina veste rosa”, ela desencadeou um bate-boca nacional que deveria deixar muita gente vermelha de vergonha. Ainda que não seja uma regra, culturalmente as cores têm mesmo esta relação. Quem vai aos badalados chás de bebê sabe muito bem disso. Obviamente não é uma regra e nem será. Governo nenhum vai abolir a palheta de cores.
Outra situação que beira o absurdo gira em torno do novo salário mínimo e da venda de armas. Tanto no Facebook quanto no Whats app, a ideia de que o novo salor é insuficiente para adquirir uma pistola está sendo compartilhada com dedicação e gerando uma inundação de “mimimis” pouco vista. Comecemos com uma pergunta muito simples: o que uma coisa tem a ver com a outra? Desde quando salário mínimo deve ser usado na aquisição de uma arma? O governo, por acaso, prometeu distribuir revólveres para todo mundo ou instituir a Bolsa Pistola? Francamente, é lamentável.
Enquanto perdem tempo e queimam energia com pautas ridículas, os brasileiros abrem mão de discutir o que realmente importa. Por exemplo, os projetos de reforma da Previdência, a extinção do Ministério do Trabalho, a redução dos investimentos em cultura, a delimitação das áreas indígenas, as mudanças na Educação e por aí vai. É certo que os bebês vão continuar usando as roupinhas que os pais quiserem, mas a idade em que vamos nos aposentar, depois de definida em lei, não haverá como mudar.