Hora de pensar coletivo

Estamos vivendo um lado obscuro da História. A enchente de abril/maio de 2024 é a maior que se tem registro no Rio Grande do Sul e certamente figura entre as maiores catástrofes ambientais do Brasil. Cerca de 80% do Estado já foi atingido pelas cheias e o número de pessoas impactadas é incalculável. Um rastro de destruição é deixado pelos pampas, Serra, Vales e, agora, chega à região litorânea. O cenário é de casas e automóveis inundados, muros quebrados, móveis inservíveis, mortes de pessoas e animais por todos os cantos. Dizer que é um pesadelo, um cenário de guerra ou algo nunca visto parece pouco diante de tudo o que nosso povo aguerrido tem enfrentado.

Todo gaúcho conhece alguém que perdeu absolutamente tudo nestes últimos dias. A falta de água potável, rodovias bloqueadas pela água ou por erosões, escassez de alimentos perecíveis e combustível, não ocorre somente em Montenegro. São consequências das cheias desproporcionais dos rios gaúchos e que vão ocorrendo em cada lugar onde as águas se acumulam. Agora vemos a região dos Sinos e Metropolitana enfrentando o que passamos há uma semana e o cenário se repete. Por aqui, o abastecimento ainda não foi normalizado e muitos montenegrinos clamam por água em suas torneiras. Sim, este é um problema grave. Mas que se apequena diante de tudo o que vivem as pessoas residentes das áreas mais baixas do município, e daqueles que perderam entes queridos ou sua fonte de renda pelas águas que invadiram comércios e plantações, levando tudo o que havia pela frente.

Todos conhecem, por outro lado, alguém que entrou nas águas para ajudar a salvar vidas, ou que se engaja em campanhas, mobilizações e auxílio aos irmãos. Este é um lado da história que precisa ser lembrado: a garra da nossa gente. A enchente de 2024 será revisitada por muitos anos. Décadas, talvez. Será tema de estudos, pesquisas e ficará na memória de cada um que a vivenciou. Ela precisará ser também exemplo para que tenhamos planos de contingência ainda melhor elaborados para futuros eventos climáticos extremos. Mas este é um passo à frente. Este é um momento para mostrar a força gaúcha para reerguermos uns aos outros e que esta façanha sirva de modelo a toda a terra.

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