Assim como o mês de outubro foi marcado pela cor rosa, uma forma de alertar para o câncer de mama, novembro recebeu a cor azul, para conscientizar a população masculina sobre os riscos do câncer de próstata. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença deve atingir mais de 68 mil pessoas por ano no Brasil. Quase todos conhecem ou possuem algum familiar que já teve a doença ou mesmo morreu em virtude dela. A boa notícia é que, em grande parte dos casos, ela tem cura.
Para garantir que a enfermidade não mate, basta se submeter a exames preventivos regularmente a partir dos 50 anos. São basicamente dois tipos de testes: o PSA, feito a partir do sangue; e o toque retal, em que a médico apalpa a próstata para verificar se há nódulos ou tecidos endurecidos. O “problema” é que, para isso, o profissional precisa inserir um dedo no ânus do paciente, o que muitos consideram um atentado à própria masculinidade.
Parece ridículo, mas a verdade é que esse tabu ainda é o grande responsável pelas mortes. Como cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, era de se esperar que, a partir da meia idade, os homens já tivessem sabedoria suficiente para assimilar a importância do exame na preservação da própria vida. Talvez até tenham, mas o preconceito e o medo de terem a masculinidade arranhada segue falando mais alto.
Quando opta pelo risco de desenvolver um câncer que pode ser prevenido de forma até relativamente simples, o homem parece esquecer que a vida é um dom supremo, um presente que deve ser cuidado. Mais ainda: quando adoece, o Estado paga para tentar curá-lo, gastando uma verba que poderia ser empregada no tratamento de doenças que não podem ser prevenidas e que assombram gente que daria tudo por mais algum tempo de convívio com os familiares. Enfim, o medo do exame do toque mostra que, mesmo no fim da vida, muitas pessoas não aprenderam o que é ser homem de verdade.