Obras são sempre polêmicas, assim como são causadoras daqueles transtornos necessários. Já erros são apenas erros, passíveis de responsabilizações judiciais. Quando a prefeitura de Montenegro, em comum acordo com a empreiteira Engepav, resolve paralisar as obras de micro revestimento asfáltico, se identifica uma postura cautelosa, e sem arrogância. Os fatores que levaram à decisão, suas consequências, assim como a qualidade do trabalho realizado até semana passada deverão, sem dúvida, gerar longos debates e questionamentos. Todavia, ter insistido em algo precário seria um absurdo.
A comunidade de Montenegro não lembra de ter visto um recuo deste nível. Ao contrário, a cidade já presenciou trabalhos de pouca qualidade sendo tocados com “vista grossa”, resultando em serviços péssimos e até em “impeachment”. E há neste cerne incompetência, tanto na fiscalização, como na conclusão analítica da execução. É preciso ter coragem para admitir um equívoco e dar um passo atrás, expondo-se inteiramente aos olhares julgadores.
Da mesma forma, os administradores fizeram seu papel de ouvir os cidadãos. E, diga-se, a gritaria era grande. Sobretudo os condutores questionavam o material e a forma de sua aplicação, que não lembravam em nada um asfalto convencional. O piso com brita aparente parece mais sensível aos atritos, e assim sujeito a rápida deterioração. Colocações feitas desde o início dos trabalhos em maio, e que, com a mesma atenção, foram explicados por um engenheiro do Município.
Agora a grande dúvida é: por que, sabendo que o inverno é caracterizado por dias de chuva e frio, houve insistência em iniciar a colocação do revestimento? Neste ponto se encontra um erro de estratégia, certamente alicerçado na euforia de mostrar trabalho à comunidade, em especial nesta insistente mazela dos buracos nas vias. Ao que tudo indica, o projeto foi iniciado ignorando a questão técnica, sobreposta pelo critério de sorte.
Agora que o passo foi dado atrás, é hora de aproveitar para planejar com mais cuidado a retomada. Até porque, o Governo não pode se privar de explicar a respeito do dinheiro já gasto até agora. A obra começou errada, gastou verba pública e em outubro terá que ser refeita. Se há a humildade de recuar, deve haver também a responsabilidade de assumir as perdas que Montenegro tem até agora. E que ainda neste ano os montenegrinos pagadores dos impostos possam rodar sem prejuízo no próprio bolso.