Fraternidade na sua forma mais pura

Em 2024, o tema da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e amizade social”, com o lema “Vocês são todos irmãos e irmãs”. A união de diferentes representações para o lançamento aponta para o objetivo já descrito no evangelho e para um dos principais mandamentos que devem ser seguidos pelos cristãos: amar ao próximo como a ti mesmo, sem julgamentos, sem discriminações e de maneira fraterna. Mas esse debate é ainda mais profundo. A Campanha proposta pela Igreja Católica traz à tona o conceito de “próximo” para além daquelas pessoas que consideramos fáceis de amar: nossos familiares, amigos, pessoas com os mesmo princípios, valores, posicionamentos políticos e modo de viver que a gente.

Ao incluir representantes da Pastoral Carcerária, da Assistência Social, Cáritas e Conselho Tutelar, por exemplo, no evento de lançamento, o bispo Dom Carlos Romulo dá uma mensagem muito direta à sociedade. O próximo é, também, aquele socialmente excluído, como as pessoas privadas de liberdade, aquelas que moram na periferia pobre, as pessoas em situação de vulnerabilidade. Eles são, também, filhos de Deus e, a exemplo de Cristo, que caminhou com errantes de todos os tipos, é preciso estender-lhes as mãos, olhar e ouvi-los com empatia.

Em um País onde a violência tem cor, classe social e gênero, considerar irmão o diferente pode ser um desafio Homérico. O tema da campanha vai de encontro aos dados publicados pelo Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+ no Brasil no último ano, que aponta uma pessoa da comunidade morta a cada 32 horas no País, em média. Essas são vítimas apenas por existirem. Ela também deve trazer à luz a violência contra pessoas negras, já que, de acordo com o Atlas da Violência, a cada 10 pessoas assassinadas no Brasil, oito são negras. Ou a violência de gênero, uma vez que nosso país desponta em 5º lugar no ranking de feminicídios no Mundo, conforme o Instituto Patrícia Galvão.

A Campanha da Fraternidade não tem como objetivo acabar com os problemas que assolam nossa sociedade. Mas, certamente, é um importante espaço de discussão acerca das fragilidades humanas, de forma a levantar questões e trazer à luz temas e atitudes que, por vezes, passam despercebidas pela sua normalização. A partir da compreensão dessas minorias como irmãos, a expectativa é de que sejam respeitados e defendidos em suas particularidades por todos que se autointitulam cristãos.

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