Flagelados não podem descasar

A população de Montenegro como um todo, mas especialmente aqueles moradores na área da “mancha de inundação”, estão cansados de sofrer com as enchentes. Todavia, eles não podem descansar, e revelaram que não pretendem. De braços descruzados e agora entrelaçados, fundaram a Associação dos Moradores Empreendedores Atingidos pelas Cheias do Rio Caí, com a sigla sugestiva de “AME”.

Dois dias depois de constituída a organização popular foi presença forte na Audiência Pública a respeito da revisão do Plano Diretor, na Câmara de Vereadores. De fato não descansam, e se apresentam com liderança significativa na linha de frente para cobrança de atitude dos poderes Executivo e Legislativo. Tudo indica que novos dias estão alvorecendo, com os cidadãos assumindo o protagonismo que lhes é direito, o que tem grande potencial para trazer soluções reais.

Do papel de meramente vítimas, saem da fila da assistência e entram na fila das inscrições para falar na Tribuna do Povo; com uma postura que inclusive deve exercer influência em toda a comunidade. O grupo de 51 pessoas deverá aumentar, pois é modesto para uma cidade com milhares de flagelados e prejudicados. Claro que o ato de sábado passado foi apenas o começo, e em breve a notícia se espalhará por Montenegro.

Neste contexto, o primeiro desafio é ver suas demandas atendidas no Plano Diretor. Já é surpreende observar que o documento, datado de 2007, mas posto em prática em 2014, ignora esta característica ambiental de Montenegro, que nasceu à beira do Rio Caí e à sombra do “gigante de pedras” Morro São João Batista. Mas foi revoltante perceber que na primeira revisão pós-catástrofe climática este problema não foi sequer citado. Então veio a explicação da Administração Municipal de que tudo será atendido ao seu tempo, com novas adesões ao Plano Diretor acontecendo em 2025 e contemplando prevenção, enfrentamento e mitigação as enchentes.

Uma resposta que é combustível ao ímpeto de mobilização da AME, que a partir desta segunda-feira, dia 11 de novembro de 2024, tem sua primeira missão. Seus membros deverão ser os principais agentes de fiscalização e cobrança para que as promessas do secretário Rafael Cruz sejam cumpridas. As vítimas das cheias do Caí em Montenegro agora são um bloco maciço e organizado na barranca do Rio.

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