Favela sempre esteve no Centro

A palavra inclusão também significa sair! Sair de sua comunidade carregando a cultura, o empreendedorismo e seus anseios e ideias de seus moradores. Pois, por mais que esteja dentro da cidade, a periferia é vista fora da comunidade. Então quando surge no centro da Capital do Rio Grande do Sul a Expo Favela, é porque a voz, antes confinada dentro das paredes invisíveis que separam, foi externada com os decibéis que possui originalmente.

As ondas deste grito de inclusão em todas as partes sacodem as estruturas, subvertendo o significado preconceituoso que antes lhe rotulava de forma negativa. Este preconceito que empurrou para fora as comunidades habitacionais – como se periferia fosse o mesmo que não pertencer – inclusive serve de justificativa para toda ordem de desassistência estrutural, violência policial e discriminação com seus moradores.

Precisou que as próprias comunidades se “empoderassem”, reconhecendo sua origem sem cair em clichês e assumindo a identidade de vila com valores e capacidades semelhante aquelas que estão no cerne das cidades. Ainda é longo o caminho de criação da autoestima da sua gente, mas com eventos como este desenvolvido por abnegadas mulheres e homens da Cufa, ao menos, sabemos que a jornada de reafirmação começou.

A passarela que a Expo Favela ergue recebe o desfile de potencialidades que os poderes centrais fingem não conhecer. Pois é nas vilas que está a vida da maioria da população de uma cidade, e é neste espaço coletivo que suas necessidades são sanadas. Mais uma vez, estamos falando de potências variadas: econômicas, artísticas, intelectuais e humanas. Vidas impulsionadas pelas necessidades, assim como todas demais, no centro e nos nobres bairros.

Na favela há empreendedores e consumidores que reconhecem as soluções, e não apenas apontam os problemas. Isso tornou as comunidades fortes e independentes, o que, todavia, não é o mesmo que estarem excluídas. Seu grito chega com a Paz poética proposta pelo Slam que flutuou na Vila Esperança e que também levará arte montenegrina para Porto Alegre e ao Brasil; tão empolgante como o Nota das Quebrada.

Agora que a periferia está ombro a ombro com o Centro, não há mais desculpa ao preconceito excludente. Da mesma forma, as chamadas conquistas levadas pelos detentores temporários do poder, são, na verdade, puro direito cidadão.

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