Fato histórico

São apenas alguns dias. Nos quais poucas ações práticas serão possíveis no Legislativo montenegrino. Mas a entrada de Fabrícia de Souza no quadro de vereadores de Montenegro é histórica. Um marco que mostra mudanças necessárias, enfim, se concretizando. É a primeira vez que uma negra ocupa tal posto nos quase 150 anos do município. Suplente, ela assume a cadeira, em princípio, até quarta-feira, quando o vice-prefeito Cristiano Braatz retorna do afastamento pela Covid-19, liberando Talis Ferreira para retornar ao cargo na Câmara de Vereadores. Ari Müller confirmou que abrirá espaço em seu mandato para que ela retorne à Casa do Povo.

É um passo dado, talvez pequeno e com toda a certeza atrasado, mas, ainda assim, um avanço para uma sociedade que represente melhor a sua população nos cargos de liderança. Mesmo curta, esperamos que essa passagem deixe marcas na Casa Legislativa e que os demais vereadores saibam ouvir o que Fabrícia tem a dizer. Ela está lá representando parte significativa da população montenegrina, povo que tem anseios e demandas que os edis têm em obrigação de ouvir e ao menos tentar agir por soluções. Postar fotos com Fabrícia e saudar o momento histórico é bonito, mas, fornecer-lhe meios para um bom mandato é o que realmente fará a diferença.

É muito triste que Fabrícia, em suas primeiras manifestações após a posse diga estar se “dedicando e estudando pra que as pessoas vejam que nós, negros, temos capacidade”. O objetivo é digno de aplausos, mas, sua necessidade deveria envergonhar qualquer população. Ela questiona, ainda, as razões para que em alguns lugares da cidade a população negra não exista, não circule, não ocupe postos de trabalho ou usufrua enquanto clientes. Há, ainda, que questionarmos o fato de que, para os demais, isso passe despercebido como se nada de anormal tivesse. Somos – Montenegro e o Brasil – uma população formado por miscigenação racial e, se isso não é visto nas nossas ruas e lugares públicos, temos que abrir os olhos para um grave problema. Que logo tenhamos mais mulheres como Fabrícia na Câmara e nos espaços que desejarem.

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