Parece tão corriqueiro que a gente perde a noção do quanto é grave. Por isso, convém lembrar que não é normal serviços como o do IPE e o FGTAS/Sine não estarem disponíveis por conta da infraestrutura local. Sim, a pandemia fechou diversas atividades presenciais e a população tem de se acostumar a resolver questões administrativas por meio da internet. Mas bloquear um serviço para prevenção da saúde pública devido ao surgimento e avanço de uma pandemia que ninguém esperava é uma coisa. Ter de interditar um prédio por falta de segurança, já que ele há tempos precisava – e não recebia – manutenção, chegando ao seu limite, é bem diferente.
Interditado por “problemas estruturais” há semanas, a agência do Sine Montenegro continua sem previsão de retorno para os serviços presenciais. Já o prédio do Ipe do município está sem atendimentos no local devido à pandemia do novo coronavírus, desde março deste ano. Mas a degradação do imóvel é avançada e já foi pauta no Jornal Ibiá diversas vezes. Mato crescendo, manchas na sua estrutura, infiltrações e caixa de luz totalmente avariada são alguns dos problemas.
É fácil dizer para quem precisa encaminhar o seguro-desemprego, procura por trabalho, quer fazer a carteira de identidade e etc para “procurar os canais digitais”. Mas, quem acaba de ser demitido, precisa de um documento com urgência ou sofre com a atual falta de trabalho sabe que não é tão simples. O mesmo vale para Instituto de Previdência do Estado, que nem sempre consegue sanar suas demandas num ambiente digital que tem suas falhas, seja pelos sistemas ou pelo acesso à internet, que ainda está muito distante do ideal.
Aqui, é preciso acrescentar ainda, a situação dos segurados do INSS, que recentemente voltou a ter perícias realizadas em Montenegro, mas segue numa com uma gigantesca demanda de atendimentos sendo refreada porque a demanda dos segurados é muito superior ao que os funcionários conseguem atender, em especial considerando os meses fechados.
Por mais compreensão que tenhamos de que o momento é atípico, não podemos aceitar que a população seja tratada desta forma. O prédio do Sine tem que ter manutenção que garanta seu trabalho sempre. E no caso de fechar por conta de um motivo de causa maior – como a pandemia – a população sem acesso à internet tem que receber alguma alternativa. É um serviço básico e, como tal, deve ser tratado pelas autoridades como uma prioridade. Imagine, em meio a tantas dificuldades que 2020 nos impôs, você perder o emprego e dar de cara com a porta na hora de encaminhar o seguro? Ou ser segurado do Ipe, precisar de um atendimento e não ter a quem recorrer? Ou, ainda, estar apto a se aposentar e simplesmente não ver o processo andar? O povo brasileiro merece ser tratado com mais respeito. E sim, às vezes, uma porta aberta e um funcionário para lhe explicar como as coisas funcionam é sinônimo de respeito.