Quem diz que de um acontecimento triste não podem surgir boas realizações esteve distante do noticiário desta semana. O mundo chorou o incêndio e a devastação da Catedral de Notre-Dame, de Paris, que queimou na última segunda-feira, 15. Por ser em plena Semana Santa, período tão importante aos cristãos; pela sua importância histórica e arquitetônica; pelas obras de arte lá expostas; pelos vitrais que perderam suas cores e brilho; o incêndio atingiu a alma e o orgulho francês tão forte que o baque atravessou oceanos e alcançou povos muito distantes.
Mas, além de chorar, é possível colaborar para minimizar o problema, a dor e as perdas para a humanidade. Ao que tudo indica, será possível preservar a estrutura do prédio que conta próximo de 800 anos de história. Mas uma restauração deste tipo custará uma quantia inimaginável. Isso para a maior parte das pessoas, e individualmente. Já se sabe que bilionários pelo mundo, incluindo uma brasileira, fizeram generosas doações e que muito – talvez o suficiente – já foi arrecadado. Há quem reclame que muitas tragédias, mesmo envolvendo a perda de vidas humanas, não mereceram a mesma atenção. É um questionamento justo, sem dúvidas, ainda mais considerando a totalidade das mazelas existentes pelo mundo. Mas será que essas pessoas, que fazem esse tipo de questionamento, auxiliam algo ou alguém, mesmo que com quantias bem mais modestas? Às vezes, trata-se apenas de reclamar por reclamar enquanto, na prática, nada se faz. E, assim, tanto as causas sociais quanto os prédios históricos ficam abandonados.
Temos em Montenegro um bom exemplo. A Estação da Cultura, também destruída por um incêndio, foi restaurada com recursos da Braskem e hoje é sinônimo de atividades culturais na Cidade das Artes. Talvez – e muito provavelmente – se dependesse apenas de recursos públicos, ela ainda estaria em ruínas pela simples falta de dinheiro. Para pegar outro exemplo, desta vez estadual, após seis anos do sinistro que destruiu o segundo andar do Mercado Público de Porto Alegre, os comerciantes se uniram para pagar pelo projeto do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). São importantes exemplos de ações privadas que beneficiam o público, ou seja, a todos.
Muitas outras poderiam ocorrer. Aqui em Montenegro mesmo, quem sabe, alguma empresa “adota” o cais do Porto das Laranjeiras ou o Parque Centenário. Não seria fantástico?