Entre o remédio e o veneno

Hoje a Nação Brasileira tem motivo para comemorar. Há 32 anos era criada a primeira lei que disciplinava o uso de agrotóxicos na agricultura de todo o País. Antes, cada produtor, do micro ao agronegócio, aplicava o produto que entendia adequado, muitas vezes ouvindo recomendações de balcão de loja, e na quantidade que julgasse potencialmente de rápida ação. Ao longo dos anos, a Lei 98.816 recebeu modificações, inclusive passíveis de debate, e outros regramentos foram publicados pelos governos, seguindo a norma inicial de prudência.

Algumas criaram ainda mais segurança para a aplicação dos venenos sobre nossos alimentos. Mas outras são julgadas como muito flexíveis ao uso de diversas substâncias nocivas ao homem. O fato é que os agrotóxicos estão eternamente no cerne de debates em relação à saúde humana, animal e vegetal.
Ambientalistas, apicultores, meliponários e médicos apontam os danos como muito acima dos benefícios que a pulverização de lavouras e pomares garante. Já ao consumidor são oferecidas as opções orgânicas, apesar de ainda caras e raras no comércio em geral.

Essa discussão é válida e deve avançar. Todavia, a realidade da maior parte da produção de alimentos no Brasil é este método convencional com uso de defensivos químicos. Uma situação que dá ainda mais valor às leis que surgiram a partir da pioneira 98.816. A proposta de entidades técnicas é de ressaltar cada vez mais o conhecimento a respeito do uso correto e moderado dos venenos. Em resumo, se existe, se é permitido e se ainda é necessário, então que se faça o uso adequado, a fim de mitigar os efeitos aos seres vivos.

Não se pode simplesmente proibir totalmente o único sistema que a maioria dos produtores rurais conhece para não ver sua lavoura sucumbir a pragas nocivas. Devemos entender que aquele é seu “ganha pão”, e pelo qual dão sua vida diariamente, sob sol e chuva. Pelo trabalho de órgãos como a Emater, a consciência em relação às práticas controladas se tornou rotina. Sobretudo, no meio da agricultura familiar, quando não podem migrar para o orgânico, têm dado atenção as regras de aplicação. Desta forma, garantem seu sustento e comida saudável na mesa dos brasileiros. Basicamente, são orientados como o velho ditado de que, a diferença entre o remédio e o veneno é a dose aplicada.

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