Assegurar os direitos básicos do cidadão, como acesso à saúde e à água potável, é um dever fundamental do poder público e um pilar essencial para a construção de uma sociedade justa. No entanto, casos recentes, como a crise enfrentada pelo Hospital Montenegro e as suspeitas de irregularidades durante a verificação de hidrômetros da Corsan, mostram como falhas na gestão pública podem colocar em risco esses direitos fundamentais.
O caso do HM escancara a fragilidade da estrutura de saúde pública. A falta de pagamento a médicos, o déficit de insumos e a incerteza sobre a continuidade de serviços evidenciam a precarização de um setor que deveria ser prioritário. A mobilização da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, buscando apoio do governo estadual, demonstra um esforço necessário. Saúde não pode ser tratada como um problema a ser resolvido quando chega ao limite do colapso, mas sim como um direito inalienável que demanda planejamento, investimento e fiscalização contínua.
Paralelamente, a questão da Corsan expõe outro aspecto alarmante: a possível fraude nos procedimentos de verificação do consumo de água. A água é um bem essencial, e qualquer irregularidade na sua gestão afeta diretamente a vida da população, especialmente das camadas mais vulneráveis. O aumento abrupto nas sanções aplicadas aos consumidores levanta questionamentos sobre a transparência da companhia e a real motivação dessas penalidades. A decisão da Agergs, de suspender temporariamente cortes de água e multas enquanto investiga as suspeitas, é acertada, pois impede que cidadãos sejam prejudicados por possíveis falhas ou abusos na fiscalização.
Os dois casos têm em comum a ineficiência e a falta de um controle mais rigoroso na administração dos serviços essenciais. Mesmo tratando-se de empresas privadas, elas prestam serviços de primeira necessidade e devem garantir gestão responsável, ética e transparente, priorizando sempre o bem-estar da população. A fiscalização por parte dos órgãos competentes e a participação ativa da sociedade civil são indispensáveis para evitar que problemas estruturais se agravem a ponto de comprometer a dignidade e a qualidade de vida dos cidadãos.