Toda manifestação popular é carregada de legitimidade, fazendo uso do direito que a Democracia garante ao povo. No domingo, moradores de Capela de Santana fizeram uso deste direito, garantido também pela forma ordeira com a qual se comportaram. Sua reivindicação é de isenção no novo pedágio que será implantando no Vale do Caí, desta vez separando Capela de Montenegro e de Pareci Novo.
Os cidadãos que diariamente trafegam pela rodovia, e neste caso, são moradores de ambos os lados do pórtico, se sentem prejudicados pela cobrança. Especialmente pelo fato destas passagens pela ERS-240 estarem ligadas a trabalho e estudo. Desta forma, o que está em seu caminho poderá até resultar em uma rodovia em melhores condições; mas, ainda assim, representará um custo em suas vidas que mensalmente poderá ultrapassar os quatro dígitos.
Neste cálculo estão somados muitos interesses, sendo os principais de ordem privada. Primeiramente, os argumentos usados são em relação à incompetência dos governos em cumprir seu papel de manter em ótima situação as vias de circulação estaduais. Para isso são pagos os impostos. Diante deste fato, muitos contra-argumentam que, com a cobrança feita no pedágio de Rincão do Cascalho a EGR supria este serviço de forma meramente satisfatória; sendo que uma saída seria melhorar esta qualidade.
Mas o Estado não entendeu desta forma e entregou a via à iniciativa privada, com uma série de responsabilidades incluídas no contrato que deverão garantir uma qualidade superior. Ao menos é o que temos o direito de exigir! Pois é neste fator que entra o interesse de lucro da concessionária vencedora do leilão do Bloco 3. Agora a comunidade está lidando com uma empresa privada, que quer – e precisa – fazer dinheiro.
O que resta ao cidadão é tentar convencer estes investidores a reduzirem seu lucro. Seu argumento deverá ser de que o percentual que os moradores desta região limítrofe representam é ínfimo, diante do fluxo gigantesco que roda diariamente por este rodovia de ligação entre três regiões produtivas. Para fortalecê-los em seu debate, precisarão que as prefeituras fiquem ao seu lado. A primeira sugestão é que os Municípios abram mão do imposto gerado pelo pedágio. Mas está ira ao encontro do velho argumento do “cobertor curto”, pois ninguém quer abrir mão de seu quinhão.