A situação que os montenegrinos estão acompanhando na rua João Correa é de luta pelo direito básico de ter um teto sobre as cabeças. É uma pequena fração da realidade do Brasil, onde a casa própria se transformou em um privilégio. Moeda de troca para políticos, seguidamente surge em planos de governo como ‘projeto social’, que é, basicamente, um nome “politicamente correto” para “um grande favor”.
A moradia está entre o essencial. É direito básico! O cidadão, logicamente, deverá trabalhar para concretizar este patrimônio; e ninguém se opõe a esta premissa. A luta não é pelo gratuito, mas pelo alcançável.
A verdade é que entre a casa e o trabalhador foi cavado um abismo de valores, taxas, burocracias. Um sistema através do qual são garantidos grandes lucros aos empreendedores do setor, sem ter importância que as camadas mais pobres da Nação estejam sendo excluídas.
Nada de novidade no capitalismo. Se alguém tem um negócio, de produção, venda, compra ou construção, o objetivo é lucrar. Todavia, neste caso em específico estamos falando da dignidade de seres humanos, cerceados de ter onde dormir com segurança e conforto.
Pois é neste conflito que entram os governos. Sua responsabilidade é garantir a moradia, em consonância com o meio financeiro que gira em torno da construção civil. Assim como é prometido que acontecerá na Ocupação João Correa, o direito de ter um lar deve ser facilitado pelo Poder Público, que é o administrador dos impostos que pagamos.
Como política de estado e não programa de governo, a casa própria deve ser colocada no plano de vida de cada brasileiro desde sua infância. Ele não precisa sonhar com ela, mas apenas planejar e trabalhar para tal, sem medo de ser sugado para dentro de um vórtice de dívidas e juros abusivos. Hoje o temor do cidadão é sair do aluguel, ou da submoradia, e entrar na lista de inadimplentes, e no fim perder o pouco que já havia investido.
Mas é verdade que estamos falando de uma realidade na qual Educação, Saúde, emprego e até lazer se tornaram sonhos distantes. Um fator que reforça a necessidade de luta por parte do povo e de compromisso humano a ser honrado pelos eleitos.