Desmatamento que gera fome

O dito popular de que nesta vida “se colhe o que se planta” serve muito bem para o cenário ambiental de 2023, ainda que seja suplantado pela realidade dos nossos agricultores não colhendo nada. Primeiro foram os anos de estiagem, agora estão sendo dias seguidos com chuva e episódios de granizo com calor fora de época. Hora morre pela falta, hora pelo excesso!

Os culpados por isso somos todos nós, que de alguma forma contribuímos para alterar os ciclos naturais da terra. Também está certo o argumento a respeito das grandes indústrias e o extrativismo mineral serem os maiores poluidores do mundo. Mas sejamos francos! Todos nós usamos, com satisfação e ostentação, os produtos que saem das linhas de montagem; da calça jeans, passando por alimentos ultraprocessados, até os eletrônicos como o telefone celular.

Também poluímos no trânsito, mesmo quando preferimos o transporte público movido à combustão. Também há o esgotamento sanitário, mas que, porém, é muito mais simples de reverter, faltando apenas vontade política no Brasil. A verdade é que estamos englobados neste contexto de agredir a natureza, para depois reclamar do clima como se este fosse um organismo com consciência racional.

O raciocínio desenvolvido até aqui é para evidenciar o quão complexo é este, não podendo ser resumido em uma divisão simples entre “o bem e o mal”. Esta dependência criada pela humanidade não tem hoje uma solução simples. Inclusive, para iniciar uma mudança gradual de postura temos pela frente uma caminhada longa e ainda desconhecida. Estamos dispostos a abrir mão de confortos?

A definição que algo precisa ser feito está na reportagem do Ibiá da última sexta-feira, dia 6 de outubro (páginas 10 e 11). Os efeitos deste desequilíbrio na agricultura serão sentidos no bolso e na mesa, com a escassez jogando os preços dos alimentos na altura. Em alguns casos, não está descartada até mesmo a falta de gêneros.

Não há como ignorar, literalmente, o preço da conta que hoje está sendo cobrada pela Natureza. Calor escaldante alternado com nevascas desproporcionais no hemisfério Norte, ciclone extratropical no Sul, seca, enchentes, extinção de espécies. Uma conjuntura de incertezas que faz pensar se já não é tarde demais.

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