“Tem protocolo pra abrir comércio, pra academia, pra tudo. Menos pras escolas. Estamos dizendo que a educação não é prioridade”, afirmou um pai de aluno num desabafo em uma matéria jornalística de TV apresentada em rede nacional no último domingo. Ele mostra a angústia dos pais frente à difícil decisão de mandar ou não as crianças para a escola sem que haja vacina contra o coronavírus. Ontem pela manhã, 14, outro drama era retratado pela imprensa. A população acordou com notícias sobre o difícil recomeço nos atendimentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em algumas cidades, pessoas que aguardavam há meses por perícias e atendimentos foram avisadas que podiam comparecer na manhã de segunda-feira a determinada agência e deram com a cara na porta. A retomada de atendimento presencial do INSS teve registro de filas e de muitas reclamações. Em Montenegro, a agência abriu e atendeu quem tinha feito agendamento. Ainda assim, o problema está longe de ter solução porque há uma demanda que antes da pandemia já estava reprimida. A gerência local lembra que agendamentos não são feitos na agência, mas, sim pelo telefone ou site.
É natural que os colaboradores não possam simplesmente resolver na primeira semana o problema de todos e a ida à agência, neste momento, só gerará confusão e a aglomeração tão temida nos dias atuais. Por outro lado, temos de compreender aqueles que lá estiveram sem ter o agendamento prévio. Foram meses de fechamento forçado pela Covid-19 e é de se imaginar que muitos segurados estejam em verdadeiro desespero. Por isso, mesmo não sendo a orientação, vão buscar alguma informação. Nem sempre os canais digitais resolvem, precisamos lembrar, sobretudo quando se trata de idosos.
Alguns serviços, entre eles o INSS e o da educação pública, mereciam ter recebido mais atenção dos gestores neste planejamento de volta da quarentena. O mesmo empenho colocado para liberar alguns setores à retomada precisa haver na hora de voltar a oferecer serviços públicos básicos. Queremos sim que seja garantida a segurança de todos, mas é cômodo negar um serviço à população com o argumento da segurança, sem oferecer alternativas que funcionem de verdade – mesmo online – enquanto, lá na ponta, pessoas sofrem.