Os países nórdicos têm muito a ensinar às nações subdesenvolvidas no que diz respeito a direitos humanos, igualdade de gênero e proteção familiar. E é de lá que vem mais uma novidade que talvez não possa ser aplicada no Brasil, mas nos obriga a refletir sobre o quanto ainda precisamos avançar para que as relações – e o fim delas – seja saudável. Desde o dia 1º de abril, casais dinamarqueses que resolvem dissolver a união precisam fazer, pelo menos, um módulo de um curso on line que oferece orientações sobre como lidar com os filhos nesta nova condição.
Talvez você esteja pensando que isso não passa de “frescura”. Nada disso. A metodologia foi desenvolvida pela Universidade de Copenhagen, a partir da constatação de que, nestes casos, são as crianças e os adolescentes que mais sofrem com a ruptura dos laços familiares. Vale lembrar que, por lá, o divórcio consensual pode ser encaminhado pela internet e a homologação leva apenas alguns dias. Em geral, pai e mãe assumem a guarda compartilhada dos filhos.
O curso nasceu com o objetivo de ajudar os adultos a se colocarem no papel dos filhos. A assimilarem como eles se sentem em situações como aniversários, atividades na escola, excursões e nos eventos em família, momentos que, em geral, deveriam colocar os dois progenitores juntos, ao seu lado. O resultado é um convívio mais harmônico, redução de conflitos, queda nos índices de depressão e a certeza de que o menor continua sendo amado pelo pai e pela mãe, ainda que já não compartilhem o mesmo teto.
O programa todo possui 17 módulos, cada um com áudios e vídeos que duram 30 minutos. São, portanto, oito horas e meia de reflexão que, por lá, as famílias parecem dispostas a investir na formação dos filhos. Infelizmente, no mundo todo, a separação dos pais costuma representar também o divórcio de um deles dos próprios filhos, o que provoca danos irreparáveis em sua formação. Ainda que o modelo dinamarquês esteja muito longe da nossa realidade, que ele sirva de prova de que é possível fazer muito mais para melhorar a vida das nossas crianças. Basta querer.