Mais uma vez, a comunidade de Montenegro mostra que, com organização e pensando no coletivo, é possível construir uma sociedade melhor. Sempre que surgia um evento que teria a presença de cavalos, como rodeios ou a própria Semana Farroupilha, o aviso de que os animais deveriam estar vacinados e com os exames do mormo e de anemia infecciosa em dia causavam calafrios nos criadores. Percebeu-se, inclusive, a redução no número de animais presentes nas atividades. É que o valor pesa no bolso e, além disso, às vezes a falta de informação e organização também fazia com que não houvesse tempo hábil para deixar tudo ok e o animal estar presente no evento.
Em setembro de 2019, houve quem defendesse que, no intuito de preservar a tradição, o Executivo Municipal arcasse com os custos ou, pelo menos, assumisse uma parte dos procedimentos. Um projeto neste sentido chegou a entrar na Câmara de Vereadores, mas não teve andamento. Na prática, se fosse adiante, encontraria muitos questionamentos. Afinal, quem decide ter um animal não deve se responsabilizar por sua saúde e bem-estar, assumindo os custos que isso naturalmente gera?
Neste final de semana, sem dinheiro público, o grupo Amigos do Cavalo realizou um mutirão para a realização dos exames do mormo e de anemia infecciosa e a vacina contra a Influenza em 170 equinos. O número de animais atendidos deve crescer nos próximos dias. Conseguindo reunir os interessados, pela quantidade, eles reduziram os custos e todos saíram ganhando. E ainda irão oportunizar que os carroceiros, esses sim sem condições de arcar com os custos, tenham acesso gratuitamente ao serviço para os seus animais. Nos próximos dias, ainda ocorrerá um Seminário de Saúde animal, importante para esclarecer sobre as regras e por que elas são necessárias, entre outros temas.
Ações como esta mostram que, quando quer, a sociedade consegue se organizar para mudar uma realidade que não é boa. E alcança o objetivo sem colocar tudo na conta do poder público. Não estamos dizendo que o cidadão deve se tornar responsável pelos serviços básicos. É claro que não, afinal, é para isso que são cobrados impostos, muitos, por sinal. Mas se o dinheiro dos serviços básicos for utilizado para sanar dificuldades particulares, fará falta ao coletivo. Parabéns aos envolvidos no mutirão. Que essa atitude sirva de incentivo a todas as áreas. Se cada um colaborar de alguma forma, teremos menos do que reclamar. E ainda teremos a grata sensação de ser úteis à comunidade.