Quase 10 mil montenegrinos não fizeram o recadastramento biométrico dentro do prazo – que iniciou em março e terminou na semana passada, após 10 meses – e ficaram impedidos de votar nas eleições do ano que vem. No contingente de “faltosos”, certamente há muitos idosos, que não têm mais a obrigação de comparecer às urnas, e até pessoas que já faleceram, cujos títulos seguiam ativos. Contudo, quando os números finais forem divulgados, veremos que a maioria simplesmente não atendeu ao chamado da Justiça Eleitoral por simples desinteresse.
Por sorte, o voto no Brasil ainda é obrigatório. Se não fosse, a quantidade de eleitores comparecendo às urnas para eleger vereadores, prefeito, deputados, senadores e presidente da República seria minúscula. Grande parte da culpa é dos próprios políticos, que prometem trabalho e dedicação ao bem comum nas campanhas e, uma vez eleitos, criam e aprovam leis que penalizam a maior parte da população. Significativa parcela não faz absolutamente nada e lim ita-se a receber os salários. Outros, ainda, usam o poder que lhes foi conferido para enriquecer, urdindo e participam de esquemas que drenam o dinheiro público para seus próprios bolsos. Tudo isso desanima – e muito!
De outro lado, o brasileiro é extremamente apático quando se trata de acompanhar e fiscalizar as ações dos eleitos. Na hora de votar, a maioria não questiona e nem se preocupa em saber exatamente o que os candidatos propõem. Depois, quando a lei é publicada e não agrada, vão às redes sociais para chorar inutilmente sobre o leite derramado. Como gado, marchamos silenciosos e comportados rumo ao abatedouro. Seria ainda pior se o voto não fosse obrigatório porque a maioria simplesmente deixaria o futuro da nação nas mãos de quem deseja ganhar algo para si. A quantidade de corruptos seria ainda maior.
Não importa muito saber, neste momento, se a corrupção é fruto da indiferença do eleitor ou se o descaso de quem deveria se preocupar em votar bem é resultado da safadeza de quem governa. Contudo, é certo que a situação somente irá melhorar quando cada um assumir a sua responsabilidade na construção de um novo país por meio do voto. Quem fez o recadastramento biométrico deu o primeiro passo, mas a distância que nos separa do objetivo ainda é longa.