Uma das principais habilidades aprendidas em gestão é a de identificar problemas e solucioná-los ou, ao menos, buscar caminhos para tentar resolver aquilo que incomoda. Essa é a atitude tomada por uma comunidade toda, que viu sua área sendo ocupada irregularmente e logo tratou de agir. Eles identificaram um problema, avaliaram os impactos que poderiam ter e buscaram soluções em conjunto.
Os moradores do Loteamento Via II, no bairro Senai, preocupados com as moradias construídas irregularmente na área verde, primeiro comunicaram às autoridades. Até houveram visitas ao local, mas as ocupações seguiram, assim como o receio de que elas se espalhassem. Sem ver medidas efetivas para parar com a ocupação – e até comercialização – de áreas de terra às margens do arroio São Miguel, eles partiram para outra ação.
Agora, os moradores se unem em mutirões para limpar o mato e os entulhos do terreno e já objetivam construir uma área de convivência no local, talvez com bancos para tomar um chimarrão no fim da tarde e até um parquinho para as crianças. Por que não? A medida, que tem como objetivo frear as ocupações, também é uma forma de fazer a comunidade se apropriar da área, sentindo-se realmente parte daquele bairro. Ao mesmo tempo em que limpam o local, os vizinhos projetam as tardes de verão na futura pracinha, as crianças brincando livremente por ali e o aconchego da sombra das árvores.
Hoje aquele é um terreno sem função, mas que pode ser muito bem utilizado no dia a dia daquela comunidade. Os moradores estão corretos em se apropriarem do espaço. Inclusive, essa ação conjunta, que demanda poucas horas semanais, conforme a disponibilidade de cada um, deveria ser copiada em outros bairros. Mas isso não isenta o poder público de tomar providências quanto à ocupação irregular, o desmatamento da beira do arroio e também a respeito da área verde, que é de interesse institucional.
A prefeitura pediu muito que os moradores ajudassem a administração, lá no início do ano, com ações populares. Houve uma intensa campanha para que cada um abraçasse a cidade e fizesse um pouquinho pelo seu bairro. Agora, que os cidadãos estão fazendo a sua parte, chegou a vez do poder público também abraçar essa causa e ajudar na construção do espaço público do Loteamento.