As declarações da ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, sobre o quanto pretendia ganhar do governo despertaram revolta em muitos brasileiros e inspiraram piadas em outros, que preferem o humor para protestar. E não é para menos, pois num país onde grande parte da população se vira com um salário mínimo de R$ 937,00, ela disse que não sabia como iria comer, se vestir, cuidar do cabelo e se maquiar ganhando “apenas” R$ 33.763,10, o teto do funcionalismo. Se ela não sabe, há milhões de brasileiros que podem lhe ensinar, pois vivem com muito menos do que isso.
Seus vencimentos são a soma da aposentadoria como desembargadora (R$ 30.471,10) e de parte do que recebe como ministra (R$ 3.292,00), pois se levasse o salário integral superaria o teto previsto na Constituição. Ela reivindicou R$ 61 mil, por entender que deveria receber todo o salário como ministra, embora saiba que isso seria inconstitucional, uma vez que ultrapassaria o limite previsto pela legislação.
Por não receber o valor integral, a ministra chegou a fazer uma analogia ao trabalho escravo. Com certeza, muitos brasileiros não se importariam de serem “escravos” ganhando mais de R$ 30 mil por mês. Ironias à parte, as declarações da ministra soaram como deboche.
Em um momento em que até a previsão do salário mínimo para o próximo ano foi reduzida, e em que o governo quer impor mudanças na aposentadoria, alegando que a Previdência não tem dinheiro, a manifestação da ministra se torna ainda mais absurda. Felizmente, o povo não deixou por menos. Protestou e saiu vitorioso. Diante da repercussão, ela voltou atrás e terá que se acostumar com o “mísero” ganho de R$ 33 mil mensais.