Ao alcance de todos

A crônica rejeição de muitos brasileiros aos políticos não deve causar estranheza. A menos que a pessoa tenha passado muitos anos num coma profundo e acorde de repente, ou venha de outro país onde não existem meios de comunicação e internet, todos sabem que eles fazem por merecer a má fama. A incompetência e a corrupção são doenças muito antigas, que, infelizmente, têm se perpetuado pela falta de uma vacina e encontram nos homens públicos seu hospedeiro favorito.

Por outro lado, vez ou outra, surgem tentativas de tratamento. A legislação brasileira evoluiu bastante ao longo dos últimos anos e, graças à tecnologia, oferece alternativas de prevenção. Uma delas é a divulgação das declarações de bens dos candidatos a qualquer cargo eletivo antes do pleito. No site do Tribunal Superior Eleitoral, facilmente se encontra a lista de imóveis, veículos a até mesmo economias daqueles que vão pedir o nosso voto.

Estas informações permitem vários usos, até mesmo a comparação com declarações de outras eleições. A evolução patrimonial pode sinalizar tanto o enriquecimento ilícito, quando a lista aumenta; quanto incompetência para gerir seus próprios ganhos se tiver encolhido. Podemos confiar em alguém que não sabe administrar o próprio patrimônio para cuidar das riquezas da cidade? Devemos votar num sujeito que multiplicou seus bens em poucos anos? São dúvidas que se impõem e para as quais o eleitor deveria buscar boas respostas. Talvez elas existam, mas é importante ter certeza.

O fato é que os políticos não chegam aos cargos que ocupam sozinhos. São levados a eles por todos nós, incluindo os que não têm a mínima responsabilidade para fazer uma escolha coerente. Existem ferramentas de fiscalização e acompanhamento à disposição da sociedade, mas a maioria teima em não usá-las. Só se dá conta do equívoco quando se torna vítima do mau uso dos recursos públicos, normalmente na hora em que precisa de serviços básicos, como saúde, educação, segurança e infraestrutura. E aí, normalmente, já é tarde demais.

Ainda não existe uma vacina contra a corrupção e contra a incompetência. Tampouco, tratamento eficiente e rápido para debelar estas doenças. Porém, há formas de impedir que estas moléstias se transformem numa pandemia. Só que isso depende de engajamento, da consciência de que somos responsáveis por tudo de bom e de ruim que ocorre em nossa cidade.

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