Ambulantes e lojistas

Não é de hoje a discussão a respeito do comércio ambulante. Também não é algo restrito a Montenegro. Nas grandes e médias cidades cresceu muito o número de pessoas tentando ganhar a vida vendendo os mais variados produtos pelas ruas e calçadas. Atualmente, está em discussão em Montenegro o endurecimento das regras e mais fiscalização contra a atuação desses profissionais e, principalmente, sua fixação em pontos de comércio da cidade.

É justa a reclamação dos lojistas. Afinal, pagam impostos e têm de arcar com aluguéis e obrigações trabalhistas que tornam inviável uma competição com os preços praticados por quem trabalha na rua. Mesmo que se argumente que a qualidade dos produtos comercializados nas calçadas – muitos são falsificações de marcas famosas – não se aproxima da existente nas lojas, o preço acaba pesando na hora da escolha do cliente. E o lojista acaba amargando mais uma fonte de prejuízo numa época difícil para todo mundo.

Mas é inegável pensarmos nas condições sociais que levam a esse problema. É crescente o número de ambulantes porque o desemprego aumentou. A inflação, para piorar, fez o custo de vida subir e, além dos desempregados, há os que estão trabalhando nas ruas nos finais de semana para fazer as contas fecharem. Também houve lojista que não conseguiu se manter na pandemia e perdeu o ponto de vendas, passando a comercializar produtos pelas ruas. Uma alternativa possível para atender aos lojistas e não tirar o sustento de quem vende nas ruas seria um espaço de vendas populares, o vulgo “camelódromo”. Na prática, porém, não temos na cidade, hoje, nenhum projeto ou intenção de reservar um espaço para este comércio popular.

É preciso tratar desse assunto com respeito a todos os lados. Se a ideia é desestimular a venda ambulante, o município terá de oferecer um meio para que essas pessoas encontrem outra fonte de sustento. Cadastrá-las, oferecer capacitação, tentar recolocá-las em postos formais de trabalho. E, obviamente, fiscalizar para que as regras sejam obedecidas porque, caso contrário, nenhuma legislação é seguida.

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