“O ideal é agir preventivamente, antes da corrupção ocorrer, porque senão os recursos já serão perdidos”, disse o então diretor-geral do TCE-RS, Valtuir Pereira Nunes, ao palestrar em Montenegro em setembro de 2013, a convite da ACI. Hoje auditor público externo da Corte de Contas, Nunes salientou a importância de o cidadão ser fiscal do poder público, já que as estruturas oficiais não dão conta de passar o pente-fino em todas as compras e contratos que os governos firmam com a iniciativa privada e outras organizações. “Você lembra em quem votou na última eleição?”, questionou o auditor. O brasileiro é leão na hora de reclamar dos políticos, mas um cordeirinho na hora de fiscalizá-los.
Ser alheio à coisa pública é um dos maiores problemas do nosso povo, porque não importar-se com as questões coletivas é como dar um cheque em branco à classe política, que disputa e exerce o poder num contexto corrompido. De um lado, a Operação Ibiaçá traz sentimento de esperança, porque traz à tona a face oculta de agentes públicos e indica faxina nas práticas sujas, mas, de outro, mostra que Montenegro não tem ido bem nas últimas escolhas de seus representantes nas urnas, situação que merece reflexão à parte.
Promotores do MP disseram ontem que as contas públicas do Município, segundo auditores do TCE-RS, têm sido problemáticas nos últimos cinco anos, pelo menos. As instituições de controle fazem o que podem, mas a efetiva limpeza daqui para frente depende de cada montenegrino. Somente com a colaboração de todos, com senso de comunidade, compaixão e empatia, será possível extirpar a corrupção dos órgãos municipais. Ajude a fiscalizar e a cobrar. Permanentemente.