Não podemos transformar a guerra contra o coronavírus numa luta de classes. Diferenças sociais impactam? É claro que sim. É fácil pedir a retomada dos serviços de dentro de carros quando o trabalhador vai estar no transporte coletivo apinhado e levando esse risco para dentro de suas casas, onde moram com pessoas do grupos de risco. Assim como é fácil para o funcionário público ou trabalhador da iniciativa privada com carteira assinada julgar o pequeno empresário – os grandes têm obrigação de manter planejamento financeiro e resistência a crises – que não sabe de onde tirar o salário de sua equipe.
A verdade é que não há saída. O povo tem que ficar em casa. Só assim conseguiremos retardar o avanço do vírus e poupar vidas. Se não todas, uma parcela maior. E sim, isso impactará gravemente a economia. Para algumas empresas, isso será fatal. É claro que há setores na economia capazes de sobreviver e até lucrar com a crise. Mas são poucos os que não sofrerão nenhum abalo. Isso é motivo para desistirmos de proteger as vidas? Não! Jamais! A vida das pessoas sempre terá mais importância. Temos sim é que encontrar alternativas à catástrofe financeira que se avizinha.
Isso dependerá dos governos. As prefeituras, o governo do Estado e, sobretudo, o governo federal terão que socorrer a população e as empresas. Algumas ações já foram anunciadas em âmbito nacional. Como uma linha de crédito para que as empresa paguem os salários e um auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais. É pouco. É muito pouco frente às dificuldades. Sabemos que tudo o que for gasto agora, lá na frente, terá de ser pago, mas neste momento crítico o governo federal terá de injetar dinheiro nas empresas e fornecer às famílias condições de sobreviver com dignidade.
Os governadores também terão que contribuir, assim como se espera que os prefeitos anunciem medidas de socorro ao comércio local. Claro que prefeituras e estados têm muito menos dinheiro em caixa, já que é o governo Federal que têm nas mãos as riquezas do país. Mas todos têm uma dívida com o povo: ajudá-lo a se manter de pé. É para isso que serve o Estado em suas diferentes esferas.