Agora nos resta apenas a vacina

Existe um tema que tomou inteiramente nossas vidas. Persiste há exato um ano, sem dar trégua, sem esmorecer. Ao contrário, se fortalece baseado na indiferença, no sem rumo e na desigualdade. E quem esmorece somos nós, que não conseguimos ter uma perspectiva, que não seja baseada na mera esperança. A Covid-19 é uma doença, como outras tantas, causada por um vírus orgânico que fica à vontade no corpo humano, inclusive trocando de hospedeiro com facilidade. Surgiu do contato entre homens e animais, em condições pouco salubres. Mas já faz tempo que pulou da criatura considerada inferior para se proliferar entre os racionais.

E, se deste momento em diante, corre com rapidez estratégica, é porque encontra um campo fértil, precisando superar poucos obstáculos. Ao lado dos humanos, por enquanto, ele encontra apenas o distanciamento, o isolamento e as máscaras de pano.

Dentro dos hospitais, médicos e enfermeiros digladiam com o invisível, sem um diagnóstico definitivo, tendo que optar inclusive por medicamentos cuja eficácia é questionada cientificamente. Mas não se pode imputar culpa a alguém que tem uma vida em suas mãos. E a tal esperança persistente é unicamente nesta ciência. Se um remédio ainda não chegou, a fé está na vacina. Ela é o real tratamento precoce, trazendo consigo ainda o novo normal de fato. Salvar vidas é a única necessidade. Todavia, outros aspectos sociais e econômicos que permeiam os debates também estão atrelados a imunização em massa do planeta. Todos os seres humanos precisam ser vacinados, para retornamos as aulas, ao trabalho, ao lazer.

E neste momento decisivo, em que seria para a sociedade brasileira se reerguer, a dor é ampliada pela incerteza. O Governo Federal mostra uma incompetência que, na verdade, não deveria existir. Uma morosidade que gerou, ao menos, nove meses de atraso no que se refere ao valor dado à vacina.

Agora surge uma nova mobilização, com governadores e prefeitos tomando a frente para comprar vacinas. Os verdadeiros e grandes líderes surgem no conflito, com a altivez de quem não foge de sua responsabilidade. Alcançar vacinas para sua gente é a atitude mais decente que estes governantes podem adotar hoje; ainda que também seja a única esperada diante de sua obrigação, a ser realizada com o dinheiro do povo.

A vacina é o caminho pavimentado para a retomada tranquila tudo, e de todos. E, enquanto trilhamos o caminho em direção ao fim da pandemia, resta lamentar os mais de 250 mil que ficaram pelo caminho apenas como números na história. Vacina já! E para todos!

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