A notícia de que o vereador Cristiano Braatz (MDB) propôs que as escolas de educação infantil tenham monitoramento interno por câmeras de segurança vem após uma semana de intensa polêmica em Montenegro. Dá denúncia de maus-tratos na creche Jeito de Mãe, dada em primeira mão pelo Jornal Ibiá no dia 21 de novembro, até o Ministério Público cumprir um mandado de busca no local, bem no Centro de Montenegro, na última quinta-feira, dia 28, só falou-se nisso na cidade. Há muito para investigar ainda e a comunidade precisa acompanhar de perto, tanto as descobertas policiais como a proposta de lei.
Diante de tudo o que se viu, é preciso que todos os envolvidos assumam as suas responsabilidades no caso. Culpas será a justiça quem terá de atribuir, mas responsabilidades podem e devem ser divididas, inclusive para evitar que o fato se repita. Infelizmente, a atual sociedade exige que todos sejamos desconfiados e incrédulos do que ocorre ao nosso redor. Sobretudo quando envolve crianças que ainda não sabem se defender nem relatar ocorrências de maus-tratos. Depois que a notícia explodiu, surgiram muitos relatos de atitudes no mínimo estranhas que se passavam na escola. Do impedimento de pais entrarem no local até crianças serem vistas atadas no carrinho e voltando para casa com machucados.
Muitas explicações precisarão ser dadas pelos responsáveis pelo local, que aparentemente desapareceram da cidade. Agora órgãos municipais trocam acusações. Quem tinha a obrigação de fiscalizar? Quem tinha de saber e quem devia ter sido alertado? Essas respostas não apagarão o fato de crianças de colo terem ficado sem a alimentação adequada enquanto os pais acreditavam que estavam seguras e bem tratadas numa instituição que atuava mantendo contrato com o município.
Tão importante quanto penalizar culpados deste caso é evitar que situações assim se repitam. As creches públicas e privadas – asilos e locais para tratamento de dependentes químicos também – precisam ser fiscalizadas para que o cuidado que ali deve ser ofertado não perca espaço para crueldade. Câmeras, fiscais da prefeitura, olhar atento dos pais, visitas do Conselho Tutelar e todas as demais ações possíveis serão bem-vindas. Quando uma criança é desrespeitada, toda aquela comunidade falhou com ela.