Ao contrário do que muita gente pensa, a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, não foi um movimento da sociedade brasileira porque estava descontente com a Monarquia. Longe disso. Junto às camadas sociais mais humildes, o imperador gozava de grande popularidade. O país era o maior produtor de café do mundo e tinha uma economia robusta e estável. A última grande guerra havia acabado há quase 20 anos, com a vitória de Dom Pedro II e seus generais.
Se havia paz e trabalho, condições que satisfaziam as expectativas da maior parte da população, por que, então, mudar o regime? Porque a elite estava descontente. No ano anterior, a abolição da escravatura havia deixado os fazendeiros sem a mão-de-obra gratuita que os tornara ricos. A troca do imperador por presidentes, contudo, mudou muito pouco a realidade da população. O voto não foi alcançado às mulheres e aos analfabetos e praticamente todos os eleitos até 1930 foram indicados ora por cafeicultores paulistas, ora pelos poderosos produtores de leite de Minas Gerais.
O ciclo só foi quebrado pela Revolução de 30, quando o gaúcho Getúlio Vargas tomou o poder e aferrou-se a ele até 1945, momento em que foi deposto. Somente então, a grande massa da população teve suas primeiras eleições realmente livres e representativas. Só que o hiato de normalidade foi curto. Em 1961, um golpe de Estado deu ao poder os militares e os generais governaram até 1985, quando finalmente a República deixou de ser refém dos quartéis.
Essa pequena linha do tempo é importante porque mostra o quanto é curta a nossa experiência democrática. A verdade é que a maioria ainda não entende a importância de uma eleição e nem se dá conta de que estes momentos são os únicos em que, por maioria, podemos mudar os rumos da nação. Errar ou acertar faz parte do aprendizado. Hoje é feriado justamente para podermos refletir sobre isso. Ainda que este direito tenha nascido sem apelo popular e sido suspenso várias vezes ao longo da história, não podemos mais abrir mão dele. Nunca!