A saúde não pode ser um privilégio

A realidade vivida por vítimas de acidentes que aguardam por cirurgias em filas intermináveis, mostrada na matéria da página 15 desta edição, revela um sistema de saúde público deficiente e incapaz de atender às demandas urgentes da população. Os casos relatados demonstram o quanto a falta de recursos, superlotação e ineficiência administrativa afetam diretamente a vida de milhares de brasileiros que dependem da saúde pública.


O problema é estrutural e recorrente. Hospitais de referência, como o de Canoas, estão sobrecarregados e com orçamento insuficiente para atender à demanda crescente. A situação se agrava com atrasos nos pagamentos e falta de suprimentos, o que compromete ainda mais a eficiência dos serviços. O poder público tem conhecimento dessas dificuldades, mas pouco avanço concreto é percebido pelos pacientes que aguardam ansiosamente pelo atendimento.

Vale lembrar que o direito à saúde é um dos pilares fundamentais de uma sociedade justa e igualitária, e garantido na Constituição Federal. O que se percebe, no entanto, é um verdadeiro descaso com a vida humana. A demora na realização de cirurgias pode comprometer a recuperação dos pacientes, levando a sequelas irreversíveis ou até mesmo ao óbito. A questão é: até quando os cidadãos precisarão recorrer à Justiça para garantir o atendimento que deveria ser um direito básico?


A solução passa por investimentos estruturais e melhorias na gestão da saúde pública. É imprescindível que os governos, em suas mais diversas esferas, garantam financiamento adequado para que os hospitais tenham capacidade de atendimento. A transparência também é fundamental. Pacientes e familiares têm o direito de receber informações claras sobre os prazos e processos para suas cirurgias. O sentimento de abandono e impotência apenas agrava o sofrimento dessas pessoas, que já enfrentam dores físicas e emocionais significativas.

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