A saga do mamógrafo

A notícia de que, desde 27 de janeiro, o mamógrafo instalado pela prefeitura de Montenegro no HM está sem funcionar é revoltante. Primeiro, obviamente, pela falta que o serviço faz às mulheres de toda a região. E aqui não adianta alegar que a demanda está sendo atendida com o envio da paciente para outros locais porque isso significa deslocamento e mais demora. Estes dois fatores acabam sendo decisivos para desistência de exames que, por consequência, abre caminho para diagnósticos tardios de câncer de mama.

Além disso, o fato de terem se passado mais de seis meses desde a quebra do equipamento num silêncio completo das autoridades causa muita indignação. Este equipamento não é utilizado apenas pela população de Montenegro, afinal, o HM é referência para uma série de municípios de Vale do Caí. Porque os prefeitos destas cidades não se mobilizaram? E porque os vereadores não cobraram por soluções? Agora, em pleno dezembro, o assunto veio à luz em uma entrevista na Rádio Ibiá Web, quando a vereadora eleita Ana Paula Machado comentou o fato.

Muitos vão dizer que o assunto “passou batido” em meio à pandemia. Há justiça neste argumento. Afinal, este foi um ano muito difícil e em que nossa atenção esteve sim muito voltada para um só assunto: pandemia. Mas o câncer de mama também mata. Só que ele, ao contrário do coronavírus, lá em janeiro, já tinha meios de prevenção, tratamento e cura bem estabelecidos. E a oferta de mamografia na regularidade correta é um dos quesitos mais importantes para que as mulheres não morram de câncer de mama. Hoje, e cada vez mais, esta doença oncológica não é mais recebida como sentença de morte. Isso, porém, não pode servir de desculpa para negligenciarmos a doença. Porque esta melhora nos índices de sobrevivência está diretamente ligada justamente ao diagnóstico e tratamento no tempo adequado.

Acabamos de passar pelo Outubro Rosa. Um mês inteiro em que o Jornal Ibiá, assim como outras tantas instituições, fizeram campanhas incentivando as mulheres a cuidar da própria saúde, realizar o autoexame e fazer mamografias regulares. Os lacinhos cor de rosa, símbolo da campanha, há apenas uns 40 dias foram guardados. Pena que, aparentemente, teve muita gente utilizando-os apenas para bonito e não realmente no intuito de fazer a diferença na campanha. Não fosse assim, não estaríamos a mais de semestre sem algo tão básico quanto o mamógrafo. Esperamos que as autoridades eleitas, que assumem nos próximos dias, tomem medidas efetivas para que, em outubro de 2021, não estejamos cobrando novamente a mesma coisa.

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