As boas intenções inseridas em projetos inovadores e o alarde em seu lançamento criam, de forma proposital, uma euforia nas pessoas afetadas. Sobretudo se houver a promessa de empregos. O Polo da Química em Montenegro foi um destes momentos de grandes expectativas para um futuro próximo. Os benefícios visíveis para as empresas, para o setor da química, para os cofres públicos, para os empreendedores do entorno e para os trabalhadores eram palpáveis e justificavam o empenho dos governos. Todavia, quando essa expectativa se frustra, o sentimento é de perda daquilo que nem se tinha em mãos.
Variáveis econômicas em nível mundial estão entre as justificativas para, em três anos, o complexo industrial ainda não ter saído das mesas de desenho. Mas nesta lista não deve ser ignorado o fator “iniciativa privada”. A implementação do Polo depende muito da capacidade das empresas, que – como muitas outras – foram fortemente castigadas na pandemia.
No exato momento em que a economia mundial desmoronava sem perspectivas, no Brasil os empresários eram surpreendidos com o Governo Federal cortando, sem discussão, o incentivo do Regime Especial da Indústria Química. O caso foi parar na Justiça. Mas, independe do resultado em tribunal, a confiança já foi maculada. E lá de fora, o olhar do mercado investidor é sobre as incertezas geradas; enquanto o mercado concorrente festeja.
É realmente lamentável que um setor fundamental, que está em tudo e em todos os dias da população, seja tão desprestigiado. E para o Polo da Química ser concretizado é preciso muito mais do que divulgação. Ninguém acredita que as empresas deste segmento ligado diretamente à tecnologia ainda não saibam que há um amplo espaço reservado ao lado do Polo Petroquímico de Triunfo para empreenderem.
O Governo do Rio Grande do Sul precisa oferecer mais comprometimento com a estruturação e buscar junto ao Governo Federal garantias de que alcancem tranquilidade ao setor produtivo. A química está em tudo, no plantio, na produção, no produto final, em sua embalagem e em seu transporte. Assim, não é difícil entender que o impacto de uma cadeia onerada no final será absorvido pelos consumidores, pelo povo.