Setembro é o mês de incentivo à doação de órgãos. Montenegro, em especial, tem muito a comemorar – e a continuar trabalhando. É que a cidade passou de uma realidade de 100% de negativas para 62% de afirmativas. A cidade, que antes não doava nenhum órgão com possibilidade de salvar novas vidas, captou, entre 2018 e 2019, 28 órgãos e deu esperança de vida nova a muitas pessoas.
Isso é mágico. Pensar que um simples “sim” pode fazer com que um ente querido continue vivendo através de outra pessoa é um gesto de altruísmo e de amor. Porque além do coração seguir batendo em outro peito, os olhos que se fecham poderão continuar vendo as belezas do mundo por outro olhar e cada parte com possibilidade de ser recebida, dará nova chance a alguma família.
Para nós, do Jornal Ibiá, o ato de dizer sim às doações de órgãos é ainda mais especial. Principalmente porque dois dos nossos jornalistas são transplantados: a repórter de Polícia, Clarice Almeida, que recebeu uma córnea em 1997; e o Reinaldo Ew, repórter de Interior, que em 2017 recebeu um rim. Este, inclusive, foi acompanhado pelos leitores do Ibiá desde o início da hemodiálise até o pós-transplante, através das reportagens do caderno Saúde.
São histórias muito próximas, de pessoas que tiveram suas realidades completamente mudadas a partir da afirmação de duas famílias completamente desconhecidas. Ambos receberam órgãos de pessoas mortas, através do altruísmo dos familiares dos doadores. São esperanças renovadas não só aos transplantados, mas também aos familiares e amigos.
Essa evolução em Montenegro merece ser celebrada. Mas, agora que alcançamos essa meta, superá-la é o próximo desafio. Depende de todos nós, juntos, abraçarmos a Cultura Doadora e apoiarmos a causa. Conversar com a família, avisar que somos doadores de órgãos e que queremos mudar a vida de alguém é vital.