Para além das gôndolas dos supermercados ou das bombas de combustíveis nos postos, agora a superinflação impacta diretamente no serviço público. Com a alta constante dos preços de insumos básicos, incluindo materiais de construção como o ferro, nem para as licitações aparecem interessados. Se, há poucos anos, prestar serviço para os governos era objetivo de empresas em diversos setores, agora o deserto de licitações tem sido cada vez mais comum. Nem mesmo a possibilidade de adicionais contratuais têm sido suficiente para atrair concorrentes.
Por outro lado, mesmo nas licitações em que apareçam interessados, o número não é suficiente para promover a concorrência necessária ao benefício público. Exemplo disso é a licitação das rótulas da RSC-287, em Montenegro, e a da concessão para instalação de pedágios nas rodovias estaduais. Em ambos os casos apenas uma empresa – em cada – demonstrou interesse nos certames. No caso da concessão, a empresa é um consórcio entre duas empreiteiras do Paraná. Isso inviabiliza a disputa pelo menor preço. Quem vai pagar mais caro é a população.
O problema não é uma novidade. Já ocorre em outras cidades do País há alguns meses. Mas agora atinge de forma mais acentuada as obras públicas em Montenegro. O recálculo dos valores depende de uma série de burocracias, que torna o processo moroso e sob o risco de novas deserções ou falsas concorrências com apenas uma interessada. Essa é a consequência do avanço rápido da inflação.
Com isso, o cidadão vê, corriqueiramente, a realização de obras importantes – como asfaltamentos e construção de espaços públicos – chegar sempre muito perto de acontecer, porém, sem a efetivação das mesmas. O risco de perda dos recursos destinados pela União assombra os poderes municipais. A possibilidade de não ter as obras públicas concluídas amedronta o contribuinte, que vê o dinheiro de seus impostos parado enquanto a cidade necessita de melhorias.