Você certamente já parou pra se questionar sobre qual a razão para alguém, aparentemente do nada, drasticamente mudar seu comportamento e dar uma volta de 180 graus, passando a adotar práticas e discursos absolutamente incompatíveis com o seu agir anterior? Pois então. Quem de nós não se surpreende e não se estarrece com tais episódios de contradições comportamentais?
Vivemos em um mundo dinâmico, intenso, repleto de fatos que nos pressionam, empurram, condicionam, limitam e, por vezes, até mesmo nos obrigam a tomar decisões diversas das anteriormente pensadas. Contudo, como em todas as coisas para as quais devemos considerar limites, naturalmente que há em alguns particulares processos também linhas limitadoras que jamais deveríamos ultrapassar, vez que, se desrespeitadas, nos exporiam a uma realidade nua e crua de contradições comportamentais que, por consequência, ocasionariam prejuízos morais de credibilidade, confiança e até mesmo admiração.
A provocação aqui, pois, é justamente propor uma reflexão acerca do tema limite. Afinal, quais as ações contraditórias ultrapassadoras deles poderiam estar a minar bases sólidas de confiança, credibilidade e prestígio?
Eu, ainda criança, sempre me punha muito curioso quando o meu avô Neolan Pio da Silva, aquele homem alto, com bigode claro, cabelos grisalhos e um olhar de imensa ternura repetia suas frases curtas que marcaram a mim e a todos os demais membros da nossa feliz família. Dentre essas frases dele havia uma que dizia: “Ovelha não é pra mato”. Tente tirar a ovelha do campo, onde ela pasta alegremente e se mantém saudável, e a limite a viver no mato para você entender do porquê da frase.
Creio que um outro exemplo que poder-se-ia utilizar como objeto de reflexão é a afirmação de que água e óleo não se misturam. Mas e por quê? Porque são líquidos imiscíveis que possuem densidades diferentes. Simples assim.
Mas então, pudéssemos nós homens, por uma espécie de analogia à ciência da matemática, fazermos comparações e criarmos fórmulas e equações comportamentais com resultados inequívocos, incontestáveis, quiçá lográssemos mais facilmente convencermos outros a não incidirem em erros e equívocos de intensidade tal, que assim não lhes comprometessem nas suas credibilidades e nos seus graus de confiança e de prestígio.
E isso porque, do mesmo modo que ovelha não é pra mato, óleo e água não se misturam e quem verdadeiramente gosta de pássaros não os prende em gaiolas, não se pode esperar bons resultados de associações ou combinações outras fadadas ao insucesso, especialmente quando os registros estatísticos e históricos nos demonstrarem, cabal e indubitavelmente, essa tendência. O mundo é, sim, matemático. E, portanto, as somas e os registros de incidências comportamentais de um ser dizem muito a seu respeito. E ponto final.
Entretanto, nós homens não descobrimos ainda muitos dos caminhos facilitadores de convivência e harmonia e, talvez por isso, não raro, insistamos em colocar as ovelhas no mato, achar que estaremos aptos a separar o óleo da água, ou que faremos o passarinho engaiolado alegre e feliz.
Utopia crassa. E burra.